Em visitas monitoradas, Karla não pode se comunicar com a filha em português e perguntar sobre a relação da menina com o seu pai Foto: reprodução/Facebook
Nas visitas à filha, Karla também não pode se comunicar em português e perguntar sobre a relação da menina com o seu pai. “Somos vigiadas o tempo inteiro. Dentro do possível, busco orientar Amy para que não sofra mais abusos. Mas, infelizmente, não tenho como saber se isso acontece. Sei que hoje o pai dela lhe enche de presentes e passeios divertidos. Mas acho que isso é só para conquistá-la. Tenho muito medo”, diz Karla.
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Os desafios para Karla reaver a guarda da filha são muitos. Desde outubro, ela está sem advogado e, por isso, não pode reivindicar na Justiça o direito de passar mais tempo com Amy, sem a necessidade de supervisão, e, ainda, lutar para que o processo de abuso sexual contra o ex-marido seja reaberto. O processo foi arquivado, mesmo, segundo Karla, com a apresentação de laudos do Department of Children and Families (DCF), espécie de conselho tutelar, e do parecer de um psicólogo confirmando o abuso sexual do pai contra a menina.
“Depois que o processo foi arquivado, não tive escolha e por isso saí da Flórida com Amy para o Texas, onde fui feliz por quase três anos, antes do início desse pesadelo”, explica a pernambucana. Ela acredita que o processo tem chances de ser reaberto se a Justiça da Flórida solicitar à Justiça do Texas, que são independentes, as fitas gravadas com depoimentos de Amy confirmando os abusos. “No Texas, Amy foi ouvida. Luto para que mandem as gravações para cá, mas para isso preciso de um advogado”.
Seguidores da página Welovekarlamy fazem campanha em defesa de Karla e da filha
Karla chegou a ter uma advogada para defendê-la na Flórida.“Os R$ 10 mil reais que conseguimos através de doações e ajuda de amigos foram usados para pagar a advogada, que abandonou o caso. O apoio prometido pelo Itamaraty quando fui presa e a minha situação foi divulgada na mídia, inclusive com a promessa de que me ajudariam a conseguir um advogado gratuito, nunca foi concretizada”, conta a pernambucana. No dia 4 de setembro, a mãe de Karla, Kátia Martins Sarmento, aproveitou a visita da presidente Dilma Rousseff ao Recife para entregar uma carta onde pedia ajuda. A resposta veio através de comunicado do Gabinete da Presidência, no dia 10 de setembro, informando que o assunto seria analisado pelo Ministério das Relações Exteriores e que a família poderia buscar informações sobre o andamento do caso junto à pasta. “Ligamos para o Ministério, mas não tivemos retorno”, disse.
» Veja a resposta do Gabinete da Presidência:
O portal NE10 procurou o Itamaraty, mas até o fechamento desta reportagem não recebeu nenhuma resposta oficial.
Desde que voltou para a Flórida, em abril, Karla não conseguiu emprego e também passa por problemas financeiros. “O fato de estar cumprindo pena condicional me prejudica. Até em vagas para serviço de faxina, não fui aprovada após analisarem minha ficha”, disse. Segundo a pernambucana, os problemas se transformam em uma “bola de neve”. Sem emprego, ela não tem dinheiro para contratar advogado e comprovar para a Justiça que tem condições de sustentar a filha. “Os últimos meses foram bem difíceis. Tive que morar dentro do carro. Mas hoje estou na casa de uma amiga”.
Apesar de tantas dificuldades, a esperança de Karla é grande. Uma petição online no Change.org para pressionar a justiça norte-americana foi criada por ela e hoje conta com 132 mil assinaturas. A pernambucana também administra a página "Welovekarlamy" no Facebook, onde divulga o seu caso. “Minha filha é a minha energia para seguir em frente. Quanto mais assinaturas eu conseguir, maior as chances de conseguir reverter esta situação. Obrigada a todos que colaboraram”, agradece Karla.
» Entenda o caso: