Drama familiar

Pernambucana não tem notícias da filha há cinco meses nos EUA

Mariana Dantas
Mariana Dantas
Publicado em 09/09/2014 às 20:20
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O último encontro entre mãe e filha ocorreu no dia 1º de abril, durante audiência  / Foto: reprodução/Facebook

O último encontro entre mãe e filha ocorreu no dia 1º de abril, durante audiência Foto: reprodução/Facebook

Há mais de cinco meses, a pernambucana Karla Janine Sarmento não tem notícias da sua filha, Amy, de 7 anos. O último encontro com a criança ocorreu no dia 1º de abril, dois dias antes de a menina ser entregue ao pai, o americano Patrick Joseph Galvin, registrado como sex offender na Flórida e quem Karla acusa de ter abusado sexualmente da garota. No próximo dia 15 de setembro, a pernambucana lutará pelo direito de visitar a filha, em nova audiência agendada pela justiça. Ambas moram nos Estados Unidos, onde a criança nasceu.

"Só quero ver a minha filha, saber se está bem, se está estudando. Sei que ainda falta muito para tê-la de volta, mas considero esta audiência uma pequena vitória. Não sou nada sem ela. Sinto um vazio muito grande, sou coco sem água", afirma Karla.

A pernambucana, que teve o seu caso divulgado na mídia quando foi presa em janeiro deste ano acusada de fugir com a filha da Flórida para o Texas sem autorização da justiça, explicou que decidiu seguir orientação da advogada e manter o silêncio até que o processo criminal de sequestro fosse julgado.

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Após ser localizada no Texas, Karla ficou detida entre os dias 16 de janeiro e 7 de fevereiro e foi solta depois que a justiça texana alegou que não havia motivos para sua detenção. Quando voltou para a Flórida, onde havia o mandado de prisão, a pernambucana foi presa novamente no dia 29 de maio e liberada após pagar fiança. O julgamento do processo criminal ocorreu no dia 11 de julho. Mesmo alegando que fugiu para o Texas para proteger a filha do pai, Karla foi condenada a 18 meses de condicional e hoje cumpre a pena.

"Quando a justiça da Flórida entregou Amy ao pai, em abril, também me proibiu de visitá-la por conta da minha pendência criminal. O importante é que agora esse problema foi resolvido e por isso pedi nova audiência. Durante esse tempo, nunca desisti da minha filha e venho buscando ajuda", explica a pernambucana, que administra a página "Welovekarlamy" no Facebook onde divulga o seu caso. Uma petição online no Change.org para pressionar a justiça norte-americana também foi criada e hoje conta com cerca de 16 mil assinaturas.

Segundo Karla, Amy foi ouvida várias vezes no Texas e confirmou para profissionais da justiça que sofria abusos do pai. "Já solicitei que os depoimentos sejam encaminhados para a Justiça da Flórida, mas o prazo é de 15 meses", explica Karla.


Seguidores da página Welovekarlamy fazem campanha em defesa de Karla e da filha

A pernambucana disse ainda que pediu, por diversas vezes, aos funcionários do Consulado da Flórida e da Embaixada Brasileira em Washington que fossem visitar sua filha para confirmar se ela estava bem. "Ela tem nacionalidade brasileira e tem direito a esse acompanhamento. Eles simplesmente disseram que tentaram visitá-la, mas o pai proibiu a visita. Essa foi a única resposta que recebi", reclama Karla.

No último dia 5 de setembro, a presidente Dilma Rousseff esteve no Recife em agenda de campanha. Familiares de Karla que moram na cidade entregaram uma carta para a equipe da presidência. Nessa segunda (8), a Embaixada de Washington entrou em contato com a pernambucana dizendo que recebeu o documento e que tentaria ajudá-la.

A reportagem do NE10 também entrou em contato com o Itamaraty. Em relação à visita consular, o órgão confirmou que o acesso à menina foi negado pelo pai e que o Itamaraty não emite nenhum documento ou relatório sobre suas visitas. O pai teria o direito de proibir a visita já que possui a guarda da menina concedida pela justiça americana. "Salientamos que repartições consulares brasileiras no exterior prestam a assistência jurídica prevista em lei, mas não podem tomar parte em processos judiciais", traz a nota do Itamaraty.

DOAÇÕES - Para defendê-la do processo criminal, Karla contou com a ajuda de um defensor público. Porém, a pernambucana precisou contratar uma advogada para lutar pela guarda da filha e conta com a ajuda financeira da família, amigos e de doações. Todo o dinheiro arrecadado (cerca de 10 mil dólares) foi usado para pagar a advogada. As custas devem continuar até o fim do processo. Os interessados em ajudar podem contribuir pela conta bancária da mãe de Karla: Kátia Sarmento Martins de Albuquerque (Banco Bradesco – Agência 3201-8 / Conta Corrente 0174551-4).

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