Fim da campanha

Vacina contra gripe está em falta nos postos de saúde do Grande Recife

MARÍLIA BANHOLZER
MARÍLIA BANHOLZER
Publicado em 18/05/2016 às 17:38
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Pernambuco deve vacinar, pelo menos, 80% das mais de 2 milhões de pessoas que fazem parte do público-alvo da campanha / Foto: divulgação

Pernambuco deve vacinar, pelo menos, 80% das mais de 2 milhões de pessoas que fazem parte do público-alvo da campanha Foto: divulgação

A campanha de vacinação contra a influenza termina nesta sexta-feira (20) e cerca de 30% dos pernambucanos ainda não receberam a dose. Faltando dois dias para o fim do prazo, parte da população tem reclamado da dificuldade em encontrar a vacina contra gripe A H1N1 nos postos de saúde de diversos municípios, principalmente, da Região Metropolitana do Recife (RMR).

Em Pernambuco, a expectativa é imunizar, no mínimo, 80% das 2.095.962 pessoas que fazem parte do público-alvo da campanha. Dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES) apontam que um total de 1,5 milhão de pessoas já foi imunizado - aproximadamente 72% do total.

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Ícaro foi vacinado na rede privada e ganhou um doce por ter se comportado durante a

Ícaro foi vacinado na rede privada e ganhou um doce por ter se comportado durante a "picadinha da agulha"Foto: cortesia

Nessa terça-feira (17), o professor Mário Mélo tentou vacinar o filho Ícaro, de 2 anos e 9 meses, contra a gripe mas enfrentou dificuldades para encontrar as doses na rede pública de saúde. "Fomos em dois postos em Olinda, um em Rio Doce e outro no Carmo. Todos disseram que acabou no dia anterior e não tinha previsão de voltar até o fim da campanha. Até num laboratório particular de Olinda estava sem. Terminamos vacinando no RioMar", contou ele que desembolsou R$ 130 pela dose pediátrica na rede privada.

Apesar da dificuldade que a população tem enfrentado para encontrar a vacina contra gripe na rede pública, a SES afirma que o Ministério da Saúde (MS) já enviou um total de 2,2 milhões de doses, número suficiente para imunizar todo o grupo prioritário em Pernambuco. Além disso, o órgão estadual afirma que tem repassado, sistematicamente, os lotes para os municípios.

Este ano, a procura pelas doses contra H1N1 foi maior do que em outras edições da campanha

Este ano, a procura pelas doses contra H1N1 foi maior do que em outras edições da campanhaFoto: Sumaia Villela/Agência Brasil

Por enquanto, uma das poucas cidades que divulgou ter atingido 80% da cobertura vacinal da população - como previsto pelo MS - foi Recife. Na capital pernambucana, quase 274 mil pessoas receberam a dose. O público-alvo total, de acordo com a Secretaria de Saúde do município, é composto por 342.105 indivíduos.

Já em Jaboatão dos Guararapes, na RMR, segunda cidade em número de habitantes em Pernambuco, das 131.739 mil pessoas que compõem o público-alvo da campanha, cerca de 69% receberam a dose. A gestão municipal afirma que o último lote de vacinas deve chegar nesta quinta-feira (19), o que deve abastecer os postos de saúde e atender a população do município.  

Alvo de reclamações de desabastecimento nas unidades de saúde, a Prefeitura de Olinda informou que cerca de 70% das 86.120 pessoas do público prioritário já foram vacinadas. Ainda segundo a Secretaria de Saúde do município, o Estado repassou, nesta quarta-feira (18), o quinto e último lote de vacinas com um total 11 mil doses. Somando com repasses anteriores, a cidade recebeu 75 mil doses. Nesta quinta-feira (19), o Programa Nacional de Imunização de Olinda deverá redistribuir as novas doses nos postos de saúde do município.

Também com grande número populacional e queixas recorrentes de falta de vacina contra gripe, a Prefeitura de Paulista informa que imunizou, até o momento, 63% das 58 mil pessoas previstas no grupo prioritário. Já no Cabo de Santo Agostinho, a informação repassada pela gestão municipal, através de nota oficial, é de que "os dados referentes às quantidades de vacinas e imunizados ainda estão sendo apurados". A nota ainda informa que "em relação à falta das doses, a coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI) no município, Ângela Gomes, informou que a Secretaria Estadual de Saúde vem entregando doses reduzidas da vacina, o que interfere no abastecimento nos postos de saúde."

QUEM PODE SE VACINAR -  Fazem parte do público prioritário da vacina contra gripe, crianças de 6  meses a menores de 5 anos, gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto), trabalhadores de saúde, pessoas com mais de 60 anos, jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas, população privada de liberdade e funcionários do sistema prisional, além de pessoas portadoras de doenças crônicas e outras condições clínicas especiais.

INFLUENZA - Trata-se de uma infecção viral aguda que afeta o sistema respiratório. É de elevada transmissibilidade e distribuição global, com tendência a se disseminar facilmente em epidemias sazonais. A transmissão ocorre por meio de secreções das vias respiratórias da pessoa contaminada ao falar, tossir, espirrar ou pelas mãos, que após contato com superfícies recém-condicionadas por secreções respiratórias pode levar o agente infeccioso direto a boca, olhos e nariz.

BALANÇO - De acordo com último balanço de infecção por influenza em Pernambuco, divulgado na sexta-feira (13) pela Secretaria Estadual de Saúde, até 7 de maio deste ano, foram notificados 399 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com 34 confirmações para o tipo A H1N1. No mesmo período de 2015, foram notificados 426 casos de SRAG e não houve confirmação para influenza.

No mesmo período também foram feitas 215 coletas em pacientes com suspeita de Síndrome gripal (SG). Desses, 36 resultados deram positivo para influenza A H1N1. Em 2015 não foi confirmado qualquer caso de síndrome gripal por influenza A H1N1.

MORTES - O boletim da Secretaria de Saúde de Pernambuco aponta ainda que, em 2016, até 7 de maio, ocorreram 27 casos de SRAG com evolução para óbito. Desses, 10 foram confirmados para influenza A H1N1 (5 no Recife, 1 em Olinda, 1 em Caruaru, 1 em Palmares, 1 em Jaboatão dos Guararapes e 1 em Petrolândia) e 9 encerrados por SRAG não especificada.

Os demais óbitos estão em investigação, podendo ter sido provocados por diversos vírus, como adenovírus, vírus sincicial respiratório, influenza (A H1N1, AH3 Sazonal, B e vários outros subtipos), parainfluenza (1, 2 e 3), e diversas bactérias, além de outros agentes etiológicos, como fungos. No ano de 2015, no mesmo período, 16 casos de SRAG evoluíram para óbito, sem confirmação de influenza A H1N1.

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