Doença

Pesquisa aponta falta de conhecimento dos brasileiros sobre meningite

Priscila Miranda
Priscila Miranda
Publicado em 16/05/2016 às 20:08
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Vacinação deve ser feita tanto nas crianças como na família / Foto: Guga Matos/Acervo JC Imagem

Vacinação deve ser feita tanto nas crianças como na família Foto: Guga Matos/Acervo JC Imagem

Uma pesquisa internacional revela que doença meningocócica bacteriana no Brasil é assunto envolto em bastante desconhecimento por grande parte da população. De acordo com dados da pesquisa conduzida pela indústria farmacéutica GSK, realizada entre fevereiro e março deste ano em cinco países, pais e mães apresentam muita insegurança com relação aos riscos que a infecção pode causar aos filhos. Cerca de 70% dos responsáveis brasileiros avaliaram que não sabem o suficiente sobre os diferentes sorogrupos da meningite e 52% não conhecem ou não têm certeza de que existem diferentes bactérias que causam a doença.

Apesar do pouco conhecimento sobre o problema, o medo influenciou bastante a opinião dos pesquisados. Entre 14 doenças listadas na pesquisa, a meningite foi considerada a que apresenta maior risco à saúde dos filhos por 64% entrevistados brasileiros. Feita com 5 mil pessoas no Brasil, Canadá, Alemanha, Itália e Portugal, a pesquisa também mostra que, de uma lista de 14 doenças com prevenção através da vacinação, a doença meningocócica é considerada pelos responsáveis como a de maior risco à saúde dos filhos (57%), seguida por Hepatite B (34%), doença pneumocócica (27%), poliomielite (25%), tétano (20%) e coqueluche (17%).

“Observou-se que a maioria dos pais não possuem informações claras e não tinha ideia de como a doença é causada, além de não distinguir os subgrupos e as formas de vacinação”, comenta Felipe Lorenzato, gerente-médico da GSK.

Existem 13 sorogrupos identificados da bactéria Neisseria meningitidis, porém as que mais causam a doença são a A, o B, o C, o Y e o W135O. O médico alerta que o sorogrupo B é considerado uma doença endêmica em Pernambuco, já que nas últimas décadas têm se mantido estável e sem diminuição de casos. “O estado tem um dos maiores números de meningo B em crianças abaixo dos cinco anos, cerca de 58% de todos os registrados. A cada 10 casos de meningite, seis são do tipo B e muita gente nem sabe”, diz Lorenzato.

O motivo para esse alto registro, ainda de acordo com o especialista, é que a meningite tipo C é combatida com vacinação disponibilizada pelo Ministério da Saúde. Já a vacina Meningo B, que só foi liberada no ano passado, ainda não possui cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS). Em Pernambuco, o produto está disponível apenas em clínicas particulares, e custa R$ 600 por dose. “A meningite do tipo C é a que possui mais registro em todas as faixas etárias da população, mas na faixa dos 5 anos de idade é a B. Por isso é proporcionalmente mais perigosa”, avalia o médico.

Com relação ao tipo de vacinação, é necessário ficar atento à quantidade de doses e a idade certa para tomar. “A criança nasce sem defesa nenhuma, por isso é importante a mãe também estar vacinada durante o período de amamentação. Até os seis meses do bebê, a mãe deve tomar três doses, com um reforço no segundo ano de vida da criança; entre sete e 11 meses, ela precisa de duas doses e mais uma no segundo aniversário da criança; e a partir de um ano do bebê, são duas doses. As crianças precisam de um intervalo mínimo de dois meses entre uma dose e outra e os adolescentes de seis meses de distância”, explica.

FORMAS DE CONTÁGIO E DOENÇA – De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a meningite pode ser causada por bactérias e vírus, com transmissão por meio do contato íntimo entre as pessoas, convivendo em um mesmo espaço, como domicílio, quartos, ou ambiente de trabalho, e através das gotículas das secreções do nariz e da saliva. Geralmente, o principal transmissor da doença não apresenta os sintomas, e o período de incubação varia entre 2 a 10 dias.

O infectado costuma apresentar mal-estar súbito, calafrios, febre alta, manifestações hemorrágicas na pele (petéquias e equimoses) e ainda cefaleia intensa, náuseas, vômitos e rigidez de nuca, além de outros sinais de irritação meníngea. O paciente pode apresentar-se consciente, sonolento, torporoso ou em coma. Delírio e coma podem surgir no início da doença, ocorrendo, às vezes, casos fulminantes, com sinais de choque. Lactentes raramente apresentam sinais de irritação meníngea, o que leva a necessidade de se observar febre, irritabilidade ou agitação, grito meníngeo e recusa alimentar, acompanhados ou não de vômitos, e convulsões.

“É essencial o papel da informação, pois muitas pessoas correm riscos sem ter a mínima noção do perigo que a doença tem. A proteção de tosse e espirros com a mão ou lenço, além de lavar bem as mãos com sabão e álcool em gel ajuda a evitar a transmissão da meningite.”, conclui.

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