Desenvolvimento

Gerações Alpha e Z são desafio enriquecedor para escolas e famílias

Fabíola Blah
Fabíola Blah
Publicado em 13/08/2019 às 7:00
Leitura:
Geração Alpha tem na tecnologia uma parte de sua forma de entender o mundo

Geração Alpha tem na tecnologia uma parte de sua forma de entender o mundoFoto: Divulgação

Um mundo super conectado, com facilidades à mão, on demand: a Geração Alpha nasceu a partir de 2010 e é 100% nativa digital. Os Alphas estão imersos na comunicação rápida, no fluxo mais que veloz de informação, têm na tecnologia uma parte de sua forma de entender o mundo e arcam com os bônus e ônus disso. Para pais e professores, que são das gerações anteriores, X e Y, o desafio está nas formas de se conectar e compreender essas crianças, interligar seus “mundos” e fazer o aprendizado e a interação fluírem.

Diretora da Educação Infantil e do Ensino Fundamental 1 do Colégio GGE, Anabelle Veloso trabalha com alunos de 1 a 10 anos há quase duas décadas e diz que é perceptível que as crianças alphas, mesmo as que são ainda muito pequenas, são mais aceleradas, têm pouca tolerância à espera e uma grande intimidade com a tecnologia. Para ela, pais e educadores precisam driblar a distância entre as gerações com dedicação e técnica para compreender como tradição, aprendizado e novas tecnologias podem entrar, juntas, em sala de aula.

“Todo professor busca referências em seus próprios mestres, mas este estímulo que ele (o professor) teve enquanto aluno está a uma distância enorme do desenvolvimento do mundo tecnológico de hoje. Compreender como isso pode entrar em sala de aula e ajudar no desenvolvimento do aluno é um grande diferencial do profissional atual. Não é apenas trazer a tecnologia, mas trazer de forma efetiva”, comenta Anabelle, argumentando que não é a simples presença de artefatos tecnológicos que cumpre essa função, mas a linguagem, o uso de assuntos que despertam interesse. O GGE desenvolveu um e-book que oferece orientações quanto ao uso da tecnologia e das redes sociais, que você pode fazer o download gratuito clicando aqui.

A diretora chama atenção quanto ao uso excessivo de tablets e celulares, que podem interferir no desenvolvimento motor. Na infância, o indivíduo tem sua motricidade desenvolvida da ampla (com membro superiores e inferiores desempenhando atividades como caminhar, arremessar, rasgar) para a fina (cuja culminância é a escrita), e com o uso dos artefatos tecnológicos, esta última tende a se sobressair. “Embora seja antecipado, porque o ideal era que o amplo fosse trabalhado primeiro, as crianças acabam adquirindo essa sensibilidade, a desenvoltura maior da motricidade fina. E os professores acabam tendo que dar conta dessa situação, não adianta apenas considerar que precisaria ser o amplo primeiro. É preciso contrabalancear”, afirma Anabelle.

Por passarem muito tempo atentas às telas, as crianças alphas parecem mais concentradas. Isso é verdade? Para Anabelle, o que parece concentração é, na realidade, passividade. “Eu vejo como crianças que perdem o tempo de correr, de pular e brincar porque preferem estar sentados assistindo ou mexendo no celular do que estarem ‘se expondo’. E muitos pais acham que é melhor estar sentado do que cair e se machucar”, alerta.  
 
No entanto, Anabelle explica que o aprendizado de todos os agentes merece tempo e cuidado. “Estamos passando hoje por um processo de mudança que ainda deixa as coisas confusas. Temos muita coisa à mão, mas ainda não sabemos utilizar. Há um tempo, as escolas associavam um tablet ao ensino, hoje em dia, não fazem mais isso. E por quê? Associar o estudo e o ensino à tecnologia não é tão simples assim”.

Pais e educadores precisam driblar a distância entre as gerações com dedicação e técnica / Foto: Divulgação

Pais e educadores precisam driblar a distância entre as gerações com dedicação e técnica Foto: Divulgação

Geração Z

Os alunos que estão sob cuidados do gestor pedagógico do Colégio GGE para os Ensinos Fundamental 2 e Médio, Tayguara Velozo, têm entre 10 e 17 anos, são indivíduos nascidos no final da Geração Y e também representam desafios para professores e instituições de ensino. E é para eles que o colégio desenvolveu ferramentas pedagógicas que buscam despertar o interesse e promover o aprendizado. “Foi pensando nessa geração que desenvolvemos o Dream Game, um aplicativo onde, após as aulas, são disponibilizadas algumas questões sobre o assunto trabalhado e o aluno pode jogar e pontuar”, explica Tayguara.

No Dream Game, há duas possibilidades de pontuar: com os braincoins (moedas do cérebro), conquistadas pelas respostas corretas acerca dos assuntos de sala de aula; e os heartcoins (moedas do coração), conquistadas por participação e bom comportamento. “Se o aluno encontra o equilíbrio entre o conhecimento e a boa conduta na vida real ele consegue realizar seus sonhos, já no jogo ele conquista premiações. A ferramenta é exclusiva do GGE e um sucesso entre eles”, conta o gestor. As moedas podem ser trocadas por bicicletas, telefones, presentes e outros itens. Todos podem resgatar as premiações de acordo com o valor conquistado. “Mas a gente diz que, nesse jogo, todo mundo ganha, porque até quando o alno erra uma questão, está ganhando um ‘se liga’ para estudar mais sobre o assunto”.

Tayguara explica que a mensagem por trás do Dream Game é muito grande. “Um aluno conseguiu ‘comprar’ uma bicicleta, e como foi que ele conseguiu isso? Estudando, se esforçando, se comportando. Isso vai pairando e, ao longo do tempo, se ele internalizar, a gente tem um jovem diferente”, defende.

Nos livros desenvolvidos pelo Sistema GGE de Ensino há também ferramentas digitais, como QRCode, que dão acesso fácil a vídeo-aulas e a informações complementares. Há ainda o Flipped Classroom, uma “sala de aula invertida”, onde o aluno tem acesso a um pouco do assunto que será visto na aula seguinte. “É uma introdução do que vai ser aprofundado em sala. Em outros países, em algumas universidades, o flipped já é dado de forma integral. O aluno tem que assistir aula em casa e vai para escola tirar dúvidas. O nosso é um flipped misto”, explica o gestor.

E mesmo em meio a tanta tecnologia, o livro físico continua sendo um aliado do ensino. “Temos o livro digital, que pode ser acessado em qualquer dispositivo com a senha do aluno, mas o livro físico ainda será necessário por muito tempo, é muito forte”, completa.

Mais lidas