EUA

Trump pede que Congresso investigue supostas escutas em seus telefones

Ingrid
Ingrid
Publicado em 05/03/2017 às 16:31
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O anúncio acontece um dia depois que Trump usou o Twitter para acusar seu antecessor Barack Obama de grampear seus telefones antes das eleições de novembro. / Foto: Alex Wong / Getty Images / AFP

O anúncio acontece um dia depois que Trump usou o Twitter para acusar seu antecessor Barack Obama de grampear seus telefones antes das eleições de novembro. Foto: Alex Wong / Getty Images / AFP

O presidente Donald Trump pediu ao Congresso que investigue as escutas "com potencial motivação política" de seus telefones durante a campanha eleitoral de 2016, informou a Casa Branca neste domingo.

O anúncio acontece um dia depois que Trump usou o Twitter para acusar seu antecessor Barack Obama de grampear seus telefones antes das eleições de novembro, sem, no entanto, fornecer qualquer tipo de prova dessa acusação, negada por um porta-voz do ex-presidente.



O texto divulgado por Sean Spicer alude a relatórios - não especificados - de investigações politicamente motivadas um pouco antes das eleições, e os classifica de muito preocupantes. O comunicado conclui que não haverá mais comentários sobre o tema por parte da Casa Branca nem do presidente.

O presidente da Comissão de Inteligência da Câmara de  Representantes, Devin Nunes, eleito pela Califórnia, afirmou neste domingo que o painel investigará as denúncias do presidente.

Em um comunicado, Nunes afirma que a investigação abrange "a resposta do governo dos Estados Unidos às ações de agentes de inteligência russos durante a campanha presidencial".

Acrescentou que "a comissão realizará pesquisas sobre se o governo espionou as atividades de dirigentes de campanha de todos os partidos políticos", sem fazer referência específica às denúncias de Trump.

Ao pedir ao Congresso que amplie suas investigações, o próprio Trump estabelece um vínculo entre suas denúncias de que foi espionado por Obama e o escândalo dos contatos entre seus colaboradores e altos funcionários russos.

- Contatos russos na campanha eleitoral


Ao menos três comissões do Senado e da Câmara de Representantes já iniciaram investigações sobre a ingerência da Rússia na campanha eleitoral, cujo fim teria sido favorecer a vitória de  Trump frente a democrata Hillary Clinton.

A administração Obama acusou os russos de estarem na origem da pirataria dos correios eletrônicos  de colaboradores de Clinton e aprovou sanções contra Moscou em dezembro.

Os recentes tuítes de Trump foram postados em meio a uma avalanche de revelações sobre os contatos entre funcionários russos e seus colaboradores mais próximos, entre eles o recém-empossado secretário da Justiça, Jeff Sessions, o caso mais recente.

"Terrível! Acabo de saber que Obama fez escutas telefônicas na Trump Tower um pouco antes da vitória", contra-atacou Trump em seu Twitter às 5 horas da manhã de sábado. "Isso é macartismo", acrescentou.

"Eu aposto que um bom advogado poderia levar adiante um caso pelo fato de que o presidente Obama grampeou meus telefones em outubro, antes da eleição!", insistiu. "Como o presidente Obama caiu tão baixo a ponto de grampear meus telefones durante o sagrado processo eleitoral. Isso é Nixon/Watergate. Cara ruim (ou doente)!", assinala em outro tuíte.

O porta-voz de Obama, Kevin Lewis, rebateu a acusação. "Nem o presidente Obama nem nenhum funcionário da Casa Branca ordenaram espionar qualquer cidadão americano", afirmou Lewis, em nota à imprensa.

O ex-vice conselheiro de Segurança Nacional de Obama, Ben Rhodes, já havia tuitado que "um presidente não pode ordenar grampos telefônicos, essas restrições foram estabelecidas para proteger os cidadãos de gente como você". Em princípio, apenas a Justiça poderia autorizar esse tipo de ação.

Em sua maioria, os republicanos preferiram se manter em silêncio sobre a última denúncia de Trump, mas o senador Lindsey Graham comentou que "se estiver certo, será o maior escândalo político desde Watergate".

O presidente Trump negou reiteradas vezes que tenha vínculos pessoais com o Kremlin, e seus assessores negam, ou minimizam, esses contatos.

As acusações continuam, porém, em vazamentos quase diários na imprensa, que revela novos detalhes dos laços entre Moscou e nomes do alto escalão do governo Trump.

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