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Trump denuncia 'caça às bruxas' envolvendo Sessions e russos

Ingrid
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Publicado em 03/03/2017 às 13:20
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Trump admitiu que Sessions poderia ter dado respostas "mais precisas" quando garantiu publicamente não ter mantido contato com funcionários russos durante a campanha presidencial. / Foto: Saul Loeb / AFP

Trump admitiu que Sessions poderia ter dado respostas "mais precisas" quando garantiu publicamente não ter mantido contato com funcionários russos durante a campanha presidencial. Foto: Saul Loeb / AFP

O presidente Donald Trump denunciou nesta quinta-feira (3) uma "caça às bruxas" contra seu secretário de Justiça, Jeff Sessions, e outros colaboradores do governo por seus supostos contatos com funcionários russos durante a campanha eleitoral de 2016.

Sessions, muito próximo do presidente republicano, reconheceu ter encontrado o embaixador russo nos Estados Unidos em duas ocasiões no ano passado, contrariando com suas declarações recentes no Congresso.

"Jeff Sessions é um homem honesto", escreveu Trump em um comunicado na quinta-feira à noite, após um dia agitado por este caso no Capitólio e na imprensa. Mais cedo, ele já havia expressado a sua total confiança no secretário.

Trump admitiu que Sessions poderia ter dado respostas "mais precisas" quando garantiu publicamente não ter mantido contato com funcionários russos durante a campanha presidencial, apesar de se reunir com o embaixador de Moscou em Washington em duas ocasiões no ano passado.

Posteriormente, Sessions admitiu os contatos, mas na qualidade de senador e não de representante de campanha do bilionário. "Mas não foi intencional", defendeu o presidente. "Ele não disse nenhuma mentira", ressaltou.

Na visão de Trump, a avalanche de acusações contra Sessions "é uma forma para que os democratas salvem a pele após perder uma eleição que todos consideravam ganha", assegurando que a oposição "perdeu o senso de realidade".

"A verdadeira história, são todos os vazamentos ilegais de informações classificadas e outras informações. É uma verdadeira caça às bruxas!", concluiu.

Donald Trump tem tido dificuldades para acabar com esse assunto, que o obrigou a afastar seu conselheiro de segurança nacional, Michael Flynn, em 13 de fevereiro.

Um número crescente de parlamentares da oposição democrática, mas também da maioria republicana, pede que o secretário de Justiça se retire por conta própria da investigação conduzida pelo FBI sobre os ataques cibernéticos e de desinformação durante a campanha atribuídos a Moscou. A existência desta investigação, relatada por vários jornais americanos, não foi confirmada oficialmente.

Washington acusou Moscou de ter liderado campanha de influência 

Numa coletiva de imprensa, Jeff Sessions, finalmente, anunciou na quinta-feira que não participaria de qualquer investigação sobre a campanha. Também explicou que era seu papel como senador se reunir com diplomatas e que havia falado de "coisas normais" com o embaixador russo, dizendo que não lembrava ter discutido a questão da eleição.

Este caso alimenta as suspeitas sobre a aproximação anunciada pelo novo inquilino da Casa Branca com Vladimir Putin.

Sob a administração Obama, Washington acusou Moscou de ter liderado em 2016 uma campanha de influência para desacreditar Hillary Clinton e ajudar seu oponente republicano.

Donald Trump sempre negou qualquer conluio, embora a investigação tem revelado contatos entre os membros de sua equipe e pessoas próximas ao Kremlin, de acordo com vários meios de comunicação.

De fato, o embaixador Sergei Kislyak parece ter fortes ligações com o círculo republicano, mesmo antes da eleição.

Tal fato foi evidenciado pelos encontros com Jeff Sessions em julho e setembro, telefonemas com Michael Flynn em dezembro, e uma visita no mesmo mês à Torre Trump em Nova York, durante a qual também se reuniu com o filho do presidente, Jared Kushner.

Por outro lado, nem o embaixador nem qualquer outra autoridade russa se encontrou com algum membro da equipe de campanha de Hillary Clinton, como confirmou à AFP o porta-voz da democrata.

A retratação de Jeff Sessions não será suficiente para os democratas, que continuaram a pedir a sua demissão, acusando-o de mentir. Eles também pedem a nomeação de um promotor independente para esclarecer a interferência russa e possíveis conluios políticos americanos.

Politicamente, este novo episódio coloca Donald Trump na defensiva, num momento em que tenta dar início a um pacote de reformas.

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