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Francisco pede preservação da Amazônia e exploração natural responsável

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 08/07/2015 às 7:43
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Francisco recordou a obrigação de todos em deixar um mundo para as gerações futuras, em consonância com sua celebrada encíclica verde, na qual adverte para a ameaça do aquecimento global e do modelo consumista / Foto: AFP

Francisco recordou a obrigação de todos em deixar um mundo para as gerações futuras, em consonância com sua celebrada encíclica verde, na qual adverte para a ameaça do aquecimento global e do modelo consumista Foto: AFP

O Papa Francisco pediu nessa terça-feira (7) a preservação da Amazônia e disse que a exploração de recursos naturais - motivo de conflitos entre indígenas e governos da América do Sul - deve levar em consideração o cuidado com o meio ambiente.

Em um encontro com organizações sociais em Quito, Francisco destacou a importância da Amazônia para "o ecossistema mundial" e disse que sua "grande biodiversidade" requer um "cuidado particular". "O Equador, ao lado de outros países com áreas amazônicas, tem a oportunidade de exercer a pedagogia de uma ecologia integral".

Francisco recordou a obrigação de todos em deixar um mundo para as gerações futuras, em consonância com sua celebrada encíclica verde, na qual adverte para a ameaça do aquecimento global e do modelo consumista.

"Recebemos como herança dos nossos pais o mundo, mas também como empréstimo de nossos filhos, para as gerações futuras, as quais teremos que devolvê-lo, e melhorado", disse o Papa.

Segundo Francisco, "a exploração dos recursos naturais, tão abundantes no Equador, não deve buscar benefício imediato. Ser administradores desta riqueza que recebemos nos compromete com a sociedade em seu conjunto e com as futuras gerações, as quais não poderemos entregar este patrimônio sem o adequado cuidado com o meio ambiente".

Mais cedo, durante uma reunião com professores e alunos da Pontifícia Universidade Católica do Equador, no norte de Quito, o Papa advertiu que "não podemos seguir dando as costas à nossa realidade, a nossos irmãos, a nossa mãe Terra".

Francisco denunciou o dano ambiental afirmando que "não é lícito ignorar o que está acontecendo ao nosso redor como se determinadas situações não existissem ou não tivessem nada a ver com nossa realidade".

O Santo Padre considerou que o "cuidado e a proteção" do meio ambiente hoje "já não são uma mera recomendação, e sim uma exigência que nasce do dano que provocamos como causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus colocou na Terra".

"Crescemos pensando apenas em cultivar, que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados talvez a espoliá-la (...), e por isto entre os pobres mais abandonados e maltratados está nossa oprimida e devastada Terra".

"Esta Terra que recebemos como herança, como um dom, um presente, nos faz perguntar: como a queremos deixar"?

O Papa tocou em um tema que gera constantes problemas para o presidente do Equador, Rafael Correa, alvo de protestos de indígenas que rejeitam a extração de minérios e petróleo de seus territórios devido ao temor de dano ambiental.

Em outros países da região, como Brasil, Colômbia, Peru e Panamá, grandes projetos hídricos ou de mineração têm provocado a férrea oposição de indígenas e ecologistas, apesar das promessas de emprego e cuidado ambiental de governos e empresas.

Brasil, Bolívia, Colômbia, Peru, Guiana, Suriname, Venezuela e Equador compartilham a selva amazônica, um dos pulmões do planeta.

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