Mobilidade

Viadutos são barreiras para pedestres na Grande Recife

Mayra Cavalcanti
Mayra Cavalcanti
Publicado em 03/02/2015 às 17:11
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No Viaduto das Cinco Pontas, os pedestres têm que dividir espaço com os veículos / Foto: Mayra Cavalcanti/NE10

No Viaduto das Cinco Pontas, os pedestres têm que dividir espaço com os veículos Foto: Mayra Cavalcanti/NE10

No meio do caminho tinha um viaduto. Isso é o que muitos pedestres da Região Metropolitana do Recife (RMR) pensam quando se deslocam de um ponto a outro e precisam passar por um viaduto. Apesar de nada impedir que as estruturas tenham um espaço reservado para quem está andando, é difícil encontrar um equipamento que o tenha. Dessa forma, o jeito é se arriscar por baixo mesmo. 
 
Nos casos como o viaduto da Avenida Norte, na Zona Norte do Recife, construído na década de 70, o pedestre tem duas opções arriscadas: ou passam por entre os carros por cima da estrutura ou vão por baixo, tendo que atravessar, sem sinal ou faixa de pedestres, as quatro faixas no sentido Boa Viagem e as outras quatro no sentido Olinda. E é a este risco que a estudante Lara Ximenes, de 19 anos, se submete praticamente todos os dias.
 
Para pegar o ônibus, ela precisa atravessar a Agamenon por baixo do viaduto. "Passar por lá é complicado porque além de ser uma via muito larga, é uma das mais movimentadas e sempre tem muito ônibus, carrro, moto e caminhão. Tenho que esperar sempre muito tempo", declara. O viaduto das Cinco Pontas, construído no fim da década de 60, é outro problema. Sem um percurso alternativo e curto que ligue o Cais José Estelita ao Cais de Santa Rita, a única maneira para o pedestre é dividir a pista com os carros, ônibus, motos e bicicletas.
 
Mayra Cavalcanti/NE10
Viaduto das Cinco Pontas - Mayra Cavalcanti/NE10
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Viaduto Capitão Temudo - Mayra Cavalcanti/NE10
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Viaduto Capitão Temudo - Mayra Cavalcanti/NE10
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Viaduto Capitão Temudo - Mayra Cavalcanti/NE10
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Viaduto da Avenida Norte - Mayra Cavalcanti/NE10


Diferentemente dos viadutos, as pontes dão um exemplo, mesmo que forçado, de que o pedestre também tem que ter o seu espaço. O professor de engenharia civil da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Leonardo Meira explica que as pontes precisam obrigatoriamente de calçada porque a passagem por baixo é impossibilitada devido à presença de água. "Como não tem como ir a nado, geralmente as pontes têm calçadas, mas existem viadutos com esta mesma necessidade, como o Capitão Temudo, que fica em cima de uma linha de trem. Cada situação tem que ser analisada particularmente", comenta.

De acordo com ele, não há impedimento estrutural para que os viadutos também sejam dotados de um lugar para quem está a pé. "A prioridade são os pedestres. Antes de fazerem o projeto dos viadutos, é preciso pensar em uma rota segura e cômoda para eles, seja por onde for. Por isso, no Temudo, tiveram que tirar o espaço dos carros para improvisar uma calçada. O ideal é pensar isso antes e já designar o espaço para o pedestre", declara. 

A estudante Joyce Balbino, 19 anos, tem que deslocar todos os dias pelo Viaduto Capitão Temudo para chegar à escola. "O que complica é que eles improvisaram uma calçada apenas de um lado do viaduto (sentido Olinda-Boa Viagem) e, para voltar, tenho que ir do outro lado, pelos carros mesmo. Já levei queda para desviar deles, um perigo", afirma.

Assim como os viadutos, a Via Mangue também não possui um espaço próprio para os pedestres passarem. Para Leonardo, o fato de ela ser uma via expressa não justifica que não tenha calçada. "Toda via que você abre tem que ter calçada. A mobilidade deve ser feita para as pessoas e não para os automóveis, por isso eu acredito que teria que ser obrigatório que houvesse um espaço para quem está a pé", defende.

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