Vias Travadas

Área de hospitais, Rua Joaquim Nabuco tem mobilidade travada

Mariana Campello
Mariana Campello
Publicado em 07/05/2015 às 17:27
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Via tem picos de retenção causados pela concentração de "polos geradores de tráfego", como hospitais, colégios, faculdade, comércios e outros tipos de serviço / Foto: Mariana Campello/ JC Trânsito

Via tem picos de retenção causados pela concentração de "polos geradores de tráfego", como hospitais, colégios, faculdade, comércios e outros tipos de serviço Foto: Mariana Campello/ JC Trânsito

Não é novidade que o trânsito da Rua Joaquim Nabuco, na área central da capital pernambucana, é um caos para os recifenses. Nesses congestionamentos cotidianos, ainda há o barulho de buzinas e de sirenes de ambulância, aumentando o estresse de motoristas e transeuntes. A rua tem início na Avenida Agamenon Magalhães, no Centro, onde recebe grande parte do tráfego, e segue até a Ponte do Capunga, no bairro da Torre, na Zona Oeste. No trecho, que tem calçadas cheias de buracos, funcionam hospitais e instituições de ensino.

Os cruzamentos mais engarrafados são o da Agamenon e o da área conhecida como Quatro Cantos, que liga Derby, Graças e Torre. Ambos têm orientadores de trânsito, porém a via não consegue absorver todos veículos mantendo a fluidez. A Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) não tem dados sobre o número de veículos que passam pelo local diariamente.

A engenheira Simone Correia, 60 anos, mora na Rua Joaquim Nabuco e afirma que os problemas são frequentes. "Aqui o fluxo de carros é bastante intenso. O que ainda melhora o tráfego no local são os orientadores. Quando eles não ficam aqui, a situação é péssima. Os motociclistas sobem na calçada e não respeitam a sinalização. Mas o pior é quando chove, os semáforos ficam sem funcionar e o barulho da buzina se instaura", reclama.

A jornalista Laís Codoi, 50, que circula na rua como motorista, acredita que a causa do problema é a falta de educação no trânsito. "Eles (os motoristas) invadem a faixa de pedestres, a calçada e ocupam os lugares do cadeirantes", opina.

De acordo com a CTTU, a via tem picos de retenção causados pela concentração de "polos geradores de tráfego", como hospitais, colégios, faculdade, comércios e outros tipos se serviço. Além disso, a Joaquim Nabuco absorve parte do fluxo da Avenida Agamenon Magalhães, por onde circulam cerca de 90 mil veículos por dia.

Assim como a motorista, o ciclista Joel Lima, cozinheiro de 29 anos, acredita que os motoristas deveriam ter mais conscientização. "Para melhorar o trânsito deveriam ter construído vias mais largas e ciclovias. Também existe a falta de respeito dos motoristas, já vi acidentes feios envolvendo bicicletas aqui", conta.

Brunno utiliza a magrela em vez de ônibus e percebe as vantagens da escolha

Brunno utiliza a magrela em vez de ônibus e percebe as vantagens da escolhaFoto: Mariana Campello/ JC Trânsito

Porém, quem decide fugir do engarrafamento escolhendo a bicicleta como modal garante que essa é a melhor saída. O estudante Brunno Augusto, 20, utiliza a magrela em vez de ônibus e percebe as vantagens da escolha. "Eu saio do trabalho no Parque 13 de Maio para ir na faculdade e o trajeto dura 15 minutos. Quando eu utilizava ônibus para ir no mesmo local demorava 40 minutos", ressalta.

O assessor parlamentar Jaison Costa, 53, critica o planejamento da mobilidade da cidade. "O principal problema são os semáforos e as paradas de ônibus, uma em cima da outra deixando a rua com retenção", argumenta. O transporte coletivo bem planejado é tido como solução para os congestionamentos por especialistas como o professor do Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Leonardo Meira, entrevistado na primeira reportagem da série Vias Travadas.

Pedestres  reclamam da situação das calçadas, muitas esburacadas

Pedestres reclamam da situação das calçadas, muitas esburacadasFoto: Mariana Campello/ JC Trânsito

Os pedestres também reclamam da situação das calçadas, muitas esburacadas. A administradora pública Ejane Moraes, 51, fala que precisa desviar dos obstáculos para poder ir ao trabalho. "Os pedestres que passam por aqui sofrem muito. A calçada está em péssimo estado, ainda tem esgoto estourado em frente ao Hospital Santa Joana, deixando os pacientes mais expostos a doenças e contaminação."

A Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife não concedeu entrevista sobre os problemas da Rua Joaquim Nabuco. Através de nota enviada pela assessoria de imprensa, o órgão afirmou que seu trabalho "consiste no monitoramento intenso da via, durante as 24 horas do dia, através da Central da Operação de Trânsito (COT)."

A nota afirmou ainda que "a Companhia também dispõe de um efetivo fixo de seis orientadores e quatro agentes de trânsito nos cruzamentos com a Avenida Agamenon Magalhães e com a Rua das Creoulas, que trabalha com o intuito de dar mais fluidez ao trânsito, através de diversas operações de tráfego pontuais, como a colocação de cones na via. Esse trabalho é rigorosamente realizado no sentido Boa Viagem, de segunda a sexta-feira, das 6h30 às 12h30 e no sentido Olinda, das 16h30 às 19h e visa disciplinar o trânsito, dar mais fluidez à via e evitar a formação de filas duplas, através da canalização do fluxo."

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