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Usuários de transporte público do Recife são os mais insatisfeitos do País, aponta pesquisa

Júlio Cirne
Júlio Cirne
Publicado em 09/02/2015 às 18:21
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O tempo de espera na capital pernambucana é o maior entre as demais e pode chegar a 35 minutos  / Foto: Lorena Barros/JC Trânsito

O tempo de espera na capital pernambucana é o maior entre as demais e pode chegar a 35 minutos Foto: Lorena Barros/JC Trânsito

Recife é a capital com os usuários de transporte público urbano mais insatisfeitos do País, segundo informa um levantamento publicado nesta segunda-feira (9) pela Associação Nacional de Defesa do Consumidor, a Proteste. Ainda de acordo com esse levantamento, a cidade tem o maior tempo de espera dos veículos e o segundo maior tempo de viagem dentre as demais capitais que participaram da análise.

Estima-se que 2/3 dos trabalhadores brasileiros utilizem transporte público todos os dias para se locomover até seu destino, o que quase sempre acontece com atraso por causa da falta de pontualidade e do longo tempo de duração das viagens. O levantamento da Proteste aponta que o Recife é a capital com a pior pontualidade dos coletivos: o tempo médio de espera é de cerca de 35 minutos. A mais bem avaliada é Curitiba (PR), onde os usuários alegam esperar cerca de 18 minutos até que os coletivos cheguem aos pontos.

A capital pernambucana é mal avaliada também no quesito "tempo de duração da viagem". Recife tem a segunda maior lentidão na locomoção e o passageiro gasta até uma hora e meia para se deslocar de um lugar para outro. Esse tempo só é menor que o da cidade do Rio de Janeiro, onde o tempo de viagem pode chegar a durar 1h33, apenas três minutos a mais que os recifenses. A cidade mais bem avaliada neste quesito é Porto Alegre (RS), onde os usuários alegam que a viagem dura até 56 minutos.

A pesquisa também mostra que os passageiros do Recife têm o maior índice de insatisfação entre os usuários das capitais. Para se chegar a esse critério de insatisfação foram analisadas as respostas sobre aspectos gerais, como lotação, valor da tarifa, acessibilidade, segurança, limpeza dos veículos e respeito aos passageiros, por exemplo.

Apesar de toda a insatisfação, o levantamento mostra que o índice de reclamações oficiais dos recifenses ainda é baixo: apenas 37% dos que participaram da pesquisa fizeram reclamações aos órgãos competentes para solucionar os problemas. Destes, 92,3% alegam ter recebido respostas insatisfatórias.

RECLAMAÇÃO - O estudante de administração Jackson Robson, 21 anos, mora na comunidade do Alto do Vento, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife (RMR), e precisa pegar três conduções para chegar à faculdade todos os dias. "A viagem dura mais de uma hora e o problema principal é que a linha que leva até a minha casa tem uma frota composta por apenas um ônibus. É só um ônibus para levar todo mundo do Alto do Vento até estação de metrô de Cavaleiro", afirma o universitário, que precisa seguir até à estação Recife de metrô e pegar outro ônibus para chegar na Avenida Conde da Boa Vista: "Nessa parte eu prefiro ir andando da estação Central até a avenida, pois é mais rápido".


O NE10 entrou em contato com o Consórcio Grande Recife, responsável por operar as linhas de ônibus na RMR, que contestou a pesquisa. De acordo com o diretor de operações do Consórcio, André Melibeu, os dados apresentados no levantamento têm parecer técnico contestável: "É uma pesquisa indireta, feita através de questionários e que não considera as diferenças entre as capitais que são comparadas".

Melibeu acredita que o sistema de transporte público não foi analisado de forma que cada caso fosse considerado, pois ignora aspectos como a diferença entre o trajetos das variadas linhas que operam na cidade, por exemplo. "Não estou dizendo que não possuímos problemas, mas estão querendo trocar 'laranja por banana' com essa pesquisa".

O levantamento da Proteste foi realizado entre abril e maio de 2014, através de 3.045 questionários enviados a associados de todo o País. Foi feito um filtro das capitais que apresentaram números satisfatórios de respostas e sete delas foram escolhidas para integrar o levantamento: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Curitiba, Porto Alegre e Recife.

Ainda segundo André Melibeu, o Consórcio Grande Recife possui um canal de atendimento direto com usuários, que podem fazer suas reclamações através do número 0800 081 0158.

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