complexo do curado

"Fico com o coração na mão", diz mulher de detento sobre rebelião

Inês Calado
Inês Calado
Publicado em 20/01/2015 às 17:29
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Jovem de 24 anos leva o bebê de 4 meses para ver o pai uma vez por mês  / Foto: Mariana Dantas/NE10

Jovem de 24 anos leva o bebê de 4 meses para ver o pai uma vez por mês Foto: Mariana Dantas/NE10

"Fico com o coração na mão. Bala não tem endereço, pode atingir qualquer um", disse Patrícia*, de 21 anos, casada há quatro anos com um dos detentos do Complexo Prisional do Curado, antigo Presídio Aníbal Bruno, na Zona Oeste do Recife. Nesta terça-feira (20), ela levaria seu filho de quatro meses para visitar o pai. A entrada das crianças menores de seis meses para visitas acontece sempre nas manhãs das terças-feiras.

"Como são muitos bebês, cada preso só tem direito a ver o filho uma vez por mês e hoje era o nosso dia. Espero trazê-lo na próxima semana", disse Patrícia, que sempre leva o filho na terceira terça-feira do mês.

Além do marido, que tem 24 anos e cumpre pena por assalto à mão armada, Patrícia tem um irmão preso no Complexo, também por assalto. "Minha mãe passou a noite em frente ao presídio e só recebeu notícia do meu irmão hoje pela manhã. Ele está bem", disse.

Já Patricia conseguiu avistar o marido na tarde desta terça, andando sobre o telhado da unidade Frei Damião. A moça viu o marido porque está na varanda de uma casa de primeiro andar localizada ao lado do presídio. A dona da residência permite a entrada de familiares e da imprensa. Fotógrafos e cinegrafistas de vários veículos estão de plantão desde a segunda-feira, quando teve início a rebelião. Aos curiosos, a dona na casa cobra a taxa de R$ 2 para ficar por dez minutos na varanda.

*Patrícia é nome fictício. A jovem preferiu não revelar a identidade 

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