Exposição mostra os desafios enfrentados pelas crianças no mundo

Mais de 2,3 milhões de crianças entre 5 e 12 anos morrem por ano no mundo por desnutrição. Outras 115 milhões, sendo 3,8 milhões delas brasileiras, são vítimas do trabalho infantil degradante, que coloca em risco a saúde e impossibilita o acesso à educação. Através de imagens, relatos e principalmente de experiências sensoriais, uma exposição em cartaz no Shopping RioMar, no Recife,  até o próximo dia 17, propõe ao visitante refletir e sentir a realidade enfrentada por essas crianças. A abertura da mostra Ilumanidade promovida pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com a Celpe e o apoio do Grupo JCPM, ocorreu na tarde desta segunda-feira (4).  

"A proposta é provocar sensações nos visitantes para que eles compreendam a dimensão das desigualdades e se sintam estimulados a participar. Mostramos a realidade no mundo e o que o Unicef e outras instituições estão fazendo para ajudar", disse o representante do Unicef no Brasil, Gery Stahl. Para a diretora de Desenvolvimento Social do Grupo JCPM, Lúcia Pontes, o local da exposição foi estratégico para alcançar um grande número de pessoas. "O público que frequenta o shopping terá a oportunidade de compreender o problema e saber que pode contribuir para erradicar essa triste realidade", disse. Embora tenha sido aberta oficialmente nesta segunda, a exposição está em cartaz no RioMar desde o último sábado (2) e mais de mil pessoas já visitaram o espaço.

Lançada em março de 2013 na Coreia do Sul, Ilumanidade está pela primeira vez no Brasil e já passou pelas cidades de Natal e Salvador, atraindo mais de 10 mil visitantes. A exposição tem início com a exibição do "Mapa da desnutrição no mundo", onde a situação mais crítica é a dos países da África. Para combater a fome das crianças africanas, o Unicef utiliza o suplemento alimentar Plumpy Mut, à base de amendoim e rico em proteínas e energia. O sachê com o suplemento, que está exposto na mostra, já salvou a vida de 1.9 milhão de crianças.

Entre as experiências sensoriais, destaque para dois vasilhames com água expostos em um dos corredores da mostra. Os recipientes possuem o mesmo peso dos carregados pelas crianças vítimas da seca, que costumam caminhar por trajetos com mais de seis quilômetros. Ao segurar os vasilhames por apenas alguns segundos, é possível sentir o esforço dessas crianças. Outra experiência interessante é segurar nos braços dois bonecos de pano, sendo um deles com 5 kg e 60 cm de altura; e o outro com 13 kg e 90 cm. Os bonecos retratam crianças da mesma idade (dois anos), sendo uma desnutrida e a outra saudável.

ÁGUA E EDUCAÇÃO - A mostra também traz relatos de crianças sem acesso à educação e mostra a situação das unidades de ensino do semiárido brasileiro, onde 450 mil crianças sofrem com a falta de água de qualidade em suas escolas.

Em Pernambuco, segundo levantamento do Unicef, 281 escolas do Estado não possuem banheiro, afetando 12.393 alunos; além disso 1.519 instituições de ensino não oferecem água tratada, prejudicando 87.041 estudantes. 

Entre os que foram conferir a exposição no RioMar está a  autônoma Roberta Novaes, 42 anos. Ela foi acompanhada da filha Juliana, 8 anos. “Quis mostrar para a minha filha a situação de outras crianças no Brasil e no mundo. É uma triste realidade, que deve contar com a ajuda de todos nós”, disse.