Preocupação

Crise na Comperj: Alumini demite 2,5 mil trabalhadores

Renata Dorta
Renata Dorta
Publicado em 21/03/2015 às 19:05
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Complexo petroquímico está instalado na cidade de Itaboraí, rio de Janeiro / Foto: Itaboraí/ Secom

Complexo petroquímico está instalado na cidade de Itaboraí, rio de Janeiro Foto: Itaboraí/ Secom

A crise no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí (região metropolitana do Rio), acarretou em mais 2, 5 mil demissões nessa sexta-feira (20). Desde dezembro sem receber salários, trabalhadores da Alumini -empresa citada na Operação Lava Jato que atuava no complexo e entrou em recuperação judicial em janeiro- estiveram no pátio da Vara do Trabalho de Itaboraí para pedir baixa na carteira de trabalho.

Funcionário da Alumini há cinco meses, o soldador Alexandre Lopes, 40, foi um deles. Lopes afirma que não está satisfeito com a situação. "Recebi, de imediato, apenas R$ 860, referente ao Fundo de Garantia. É uma situação muito triste, pois tenho três filhos para sustentar e estou com sete meses de aluguel atrasado", reclama ele, que diz sofrer diariamente ameaças de despejo.

Agora, os ex-funcionários da Alumini já podem sacar uma parte dos recursos do FGTS imediatamente, em qualquer agência da Caixa Econômica Federal. O requerimento do seguro-desemprego poderá ser feito a partir de segunda-feira, 23, nas Delegacias Regionais do Trabalho de Niterói, São Gonçalo (inclusive Alcântara), Itaboraí e no Centro do Rio.

Na semana passada, o juiz Titular da Vara do Trabalho de Itaboraí, Andre Corrêa Figueira, homologou um acordo de conciliação entre a Alumini e os trabalhadores. Pelos termos do acordo, a empresa tem até o dia 30 de março para pagar a primeira parcela das verbas rescisórias, referentes ao período de 15 de janeiro a 27 de fevereiro. Caso não respeite o prazo, a Alumini terá de pagar uma multa de 50% sobre o saldo devedor. O restante das verbas referentes à rescisão, como o aviso prévio, 40% de FGTS, férias e 13º será pago em seis parcelas iguais, a partir do dia 1º de agosto, o que também desagradou Lopes.

"Pagar só em agosto? Isso não existe. As necessidades e contas dos trabalhadores são momentâneas. Infelizmente, esse é o Brasil, que não protege a classe trabalhadora." Se a Alumini descumprir a data de pagamento da primeira parcela, em 30 de março, ou não houver homologação do plano de recuperação judicial até 1º de agosto, o Ministério Público do Trabalho ajuizará ação civil coletiva para cobrar os valores restantes, com atualização monetária. Nesse caso, a Petrobras também será acionada para quitar a dívida, de forma subsidiária.

As dívidas trabalhistas anteriores a janeiro estão sendo discutidas em outro processo. Nele, a Alumini e a Petrobras foram condenadas a pagar R$14 milhões. Houve recurso, que ainda não foi julgado em segunda instância.

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