Animal de estimação

Pequinês pode voltar com tudo após "sair de moda"

Paula Schver
Paula Schver
Publicado em 23/02/2015 às 19:08
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Pequinês teve origem na China há cerca de 4 mil anos e virou febre no Brasil nas décadas de 70 e 80 / Foto: Site Animals HD

Pequinês teve origem na China há cerca de 4 mil anos e virou febre no Brasil nas décadas de 70 e 80 Foto: Site Animals HD

A raça canina Pequinês foi uma febre no Brasil entre as décadas de 70 e 80. Quase todo mundo tinha (ou queria ter) um desses bichinhos peludos de olhos grandes. De origem chinesa, esses cães deixaram de ser uma mania para cair no esquecimento. Em tempos em que os cachorros da moda são Pug e Bulldog Francês, o animal ficou na memória de quem ja criou.

Para o veterinário Doralécio Lins e Silva, o "desaparecimento" do famoso cão aconteceu, entre outros motivos, por causa dos cruzamentos feitos de maneira incorreta. "Quando você tem uma demanda muito forte, todo mundo querendo essa raça, os cuidadores passam a cruzar filho com mãe, irmão com irmã, aí gera um problema de linha sanguínea que acaba criando animais com desvio de padrão, principalmente, estético", analisou o especialista.

A cuidadora de cães Cláudia Cruz, que é estudante de medicina veterinária, divide a mesma opinião e acrescenta: "Quando você mistura as linhagens algumas doenças específicas da raça acabam se tornando comuns, como as oculares e a displasia femural (que prejudica a mobilidade). Além disso, características comportamentais são alteradas, como um cão carinhoso se tornar agressivo", explicou ela que há cerca de três anos decidiu investir na criação de pequineses e, hoje, conta com três fêmeas e um macho.


Arte: NE10

O Pequinês adora um passeio e brincadeiras com seu tutor, mas é tímido com estranhos. Ele pode facilmente morrer de doenças cardíacas e precisa de ar condicionado em dias quentes, mas pode passar um tempo no quintal em clima ameno. Essa raça é considerada uma das mais indicadas para fazer companhia a quem vive em apartamentos. No entanto, alguns cuidados são primordiais: a pelagem precisa de escovação todos os dias, caso contrário pode dar nó, e as ruguinhas acima do nariz precisam ser limpas diariamente para evitar infecções.

Tanto veterinário quanto cuidadora acreditam que a raça, hoje considerada "fora de moda", pode voltar aos lares brasileiros já que existe um estímulo ao cruzamento entre pequineses, desde que não sejam da mesma família. "Os cães desta raça são muito companheiros e dóceis. Além de serem lindos, é claro", comentou a criadora Cláudia Cruz, apaixonada pelos pequeninos.

Atualmente, para ter um exemplar de excelente procedência em casa, o interessado deve desembolsar entre R$ 1.500 e R$ 3.500 (filhotes de vencedores de competições de beleza). Em sites de vendas é possível encontrar alguns animais a preços menores, porém especialistas alertam para a procedência. "Filhote é sempre muito lindo e fofo, todo mundo quer. Mas quando cresce é que se veem os problemas na linhagem", ressaltou o veterinário Doralécio Lins.


Animais da raça Pequinês são comercializados em site de vendas online

LENDA - Uma lenda chinesa que explica o surgimento da raça revela que este canino é o resultado de um amor impossível entre um leão e uma pequena macaca. Com o auxílio do deus Hai Ho, o leão sacrificou seu tamanho por amor, nascendo assim o pequinês, bravo como pai, pequeno, inteligente e doce como a mãe. Embora a raça tenha se tornado conhecida através da ascensão do Budismo, quando conquistou o status de animal sagrado, o cãozinho que recebeu a alcunha de "Leão de Buda" existe há pelo menos 4 mil anos na China.

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