13 de agosto

Polícia realiza operação para prender suspeitos de chacina na Grande SP

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 08/10/2015 às 8:51
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Policiais civis e militares participam na manhã desta quinta-feira (8) de uma força-tarefa para prender suspeitos de terem participado da chacina que deixou 19 mortos nas cidades de Osasco e Barueri, na Grande São Paulo, no dia 13 de agosto.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, a força-tarefa cumpre seis mandados de prisão e 28 de busca e apreensão em 36 lugares da Grande São Paulo. Os mandados foram expedidos pela Justiça Criminal de Osasco e pela Justiça Militar.

No total, 457 policiais participam da operação, sendo 201 policiais civis do DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa) e DEMACRO (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo), e 256 policiais militares da Corregedoria da Polícia Militar, para a garantia da realização simultânea dos mandados judiciais.

A secretaria informou, por meio de nota, que mais detalhes sobre a operação só serão fornecidos à tarde em entrevista à imprensa na sede da SSP, no centro da capital paulista.

VÍTIMAS - Entre as vítimas da chacina, havia apenas uma mulher, a adolescente Letícia Vieira Hillebrand da Silva, 15, que morreu no dia 27 de agosto, após 14 dias internada. Todas as outras vítimas eram homens.

A principal linha da investigação é que tenha sido retaliação de policiais ao assassinato de um PM por bandidos que assaltavam um posto de combustível, no dia 8 de agosto.

A força-tarefa criada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) detectou indícios de ligação do crime com outros 13 assassinatos ocorridos nos cinco dias anteriores. Com isso, a apuração já trabalha oficialmente com a hipótese de um mesmo grupo ter matado 32 pessoas e deixado dez feridos em cinco municípios vizinhos entre si na região metropolitana: Osasco, Barueri, Carapicuíba, Itapevi e Santana do Parnaíba.

ÚNICO PRESO - Apesar de o governo de São Paulo ter prometido uma resposta imediata aos crimes, Fabrício Emmanuel Eleutério, 30, é o único detido até o momento pela série de crimes na Grande São Paulo.

O soldado da Rota é suspeito de integrar um grupo de extermínio, com atuação em Osasco, que chegou a ser investigado em 2013. Os advogados Nilton Nunes e Flávia Artilheiro, defensores de Eleutério, negam a participação do PM na chacina. Segundo eles, ligações telefônicas e conversas de Whatsapp feitas pelo soldado no momento dos homicídios provam sua inocência.

Os indícios contra Eleutério, contudo, perderam força ao longo de um mês e meio de investigação -levando a PM a cogitar sua liberação. O rastreamento do carro e a quebra de sigilos telefônicos enfraqueceram as suspeitas da polícia contra Eleutério.

Em documento apresentado à Justiça Militar, a Corregedoria da PM escreveu que "a única prova de que dispomos é reconhecimento pessoal" e admitiu pedir "a imediata liberação do suspeito" se for demonstrado "não mais haver necessidade" da "medida cautelar privativa de liberdade".

O "reconhecimento pessoal" citado pela polícia é de um suposto sobrevivente da chacina -posto sob suspeição pela Justiça pelo fato de não terem sido apresentadas provas de que ele foi atacado nem de como a investigação conseguiu encontrá-lo.

A quebra dos sigilos telefônicos não ajudou a confirmar a versão do suposto sobrevivente -não foi encontrada ligação do soldado da Rota com demais PMs investigados. O celular de Eleutério, segundo a quebra dos sigilos, foi usado na casa de sua noiva às 22h36 no dia do crime -os ataques, segundo a polícia, ocorreram das 20h30 às 23h30. A ligação foi entre ele e sua advogada, Flávia Artilheiro.

Os dados do rastreador do carro usado por Eleutério mostraram que ele ficou na casa da noiva das 19h12 às 22h36 no dia do crime. A noiva e a mãe dela afirmaram em depoimento que eles ficaram em casa naquela noite para comer pizza. A Corregedoria diz, porém, que esses depoimentos devem ser vistos com "cautela" em razão do envolvimento emocional e familiar.

E, como Eleutério pode ter saído de casa em outro carro e seu telefone pode ter sido atendido por outra pessoa na casa da noiva, a PM não descartou, por ora, a ligação do policial com a chacina. O soldado da Rota também é investigado por cinco chacinas anteriores -policiais ouvidos pela Folha dizem haver fortes indícios de envolvimento dele em parte dos crimes, mas a defesa de Eleutério alega inocência.

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