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Acelerador de partículas mais poderoso do mundo é reiniciado após dois anos

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 05/04/2015 às 12:05
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Reinício do Grande Colisor de Hádrons, na fronteira franco-suíça, que inclui um túnel em forma de anel de 27 km permitirá a realização de uma segunda onda de exploração de novas áreas da física / Foto: CERN/Divulgação

Reinício do Grande Colisor de Hádrons, na fronteira franco-suíça, que inclui um túnel em forma de anel de 27 km permitirá a realização de uma segunda onda de exploração de novas áreas da física Foto: CERN/Divulgação

O maior e mais poderoso acelerador de partículas do mundo foi reiniciado neste domingo (5), depois de dois anos desligado, anunciou o CERN, a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear.

O retorno ao funcionamento do Grande Colisor de Hádrons (Large Hadron Collider, LHC), na fronteira franco-suíça, que inclui um túnel em forma de anel de 27 km permitirá a realização de uma segunda onda de exploração de novas áreas da física.

Neste domingo às 10h41 locais um feixe de prótons percorreu o anel de 27 km de diâmetro do LHC, em um sentido, e então, às 12h27, um segundo fez o mesmo circuito na direção oposta, indicou o CERN em um comunicado.

"Hoje, o coração do CERN bate mais uma vez no ritmo do LHC", comemorou Rolf Heuer, seu presidente-executivo, citado no comunicado.

"O LHC está em grande forma", declarou por sua vez Frédérick Bordry, diretor de aceleradores e tecnologia. "Mas o passo mais importante está diante de nós, quando empregaremos energia em níveis recordes", acrescentou.

Nos próximos dias, os operadores vão verificar todos os sistemas antes de aumentar a energia do feixe, enquanto o LHC entra em sua segunda campanha de exploração.

Durante os dois anos de pausa técnica, centenas de engenheiros e técnicos repararam e consolidaram o acelerador de partículas para que este pudesse operar com maior energia, permitindo, assim, que os físicos expandissem seu campo de investigação, para validar ou refutar teorias.

Entre 800 e 1.000 pessoas trabalharam neste projeto, principalmente para consolidar as cerca de 10.000 interconexões elétricas entre os ímãs e adicionar sistemas de proteção.

Os feixes também serão configurados para produzir mais colisões, por meio de um agrupamento mais estreito de prótons.

Através deste trabalho, poderá operar a uma energia de 6,5 TeV (tera-elétron volts) por feixe, quase o dobro da energia obtida durante a sua primeira fase operacional.

"É um salto bem grande", considera Jorg Wenninger, físico acelerador do CERN, durante uma teleconferência.

"Isto impõe mais dificuldades porque os nossos ímãs estão se tornando mais sensíveis", acrescentou.

Este reinício causa grande entusiasmo na comunidade científica. O LHC havia permitido em sua primeira fase de operações confirmar a existência do Bóson de Higgs.

O Bóson de Higgs é considerado pelos físicos como a pedra angular da estrutura fundamental da matéria, a partícula elementar que lhes dá o número de massa dos outros, de acordo com a teoria do "Modelo Padrão".

No programa desta segunda campanha está o mecanismo de Brout-Englert-Higgs, a matéria escura, antimatéria e o plasma de quarks-glúons.

A matéria escura, invisível, compõe a maior parte do universo, mas só pode ser detectada a partir dos seus efeitos gravitacionais, explica o CERN em seu site.

De acordo com uma teoria, ela pode conter partículas chamadas "supersimétricas", ou partículas hipotéticas, que estariam associadas com as partículas já conhecidas do "Modelo Padrão".

Os dados da operação do LHC com energia mais elevada devem fornecer mais evidências, que podem lançar luz sobre este mistério, diz o CERN.

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