Epidemia

Estudo investiga se Zika também pode provocar mielite, grave doença neurológica

Pedro Alves
Pedro Alves
Publicado em 08/03/2016 às 10:59
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Este é o primeiro caso publicado com evidências da relação entre o zika e a mielite / Foto: Arquivo/JC Imagem

Este é o primeiro caso publicado com evidências da relação entre o zika e a mielite Foto: Arquivo/JC Imagem

O zika vírus, cuja ligação já foi estabelecida com a microcefalia e a síndrome neurológica de Guillain-Barré, também pode causar uma grave doença que atinge a medula, chamada mielite aguda, de acordo com um caso estabelecido em Guadalupe.

"Este é o primeiro caso publicado com evidências da relação (entre o zika e a mielite), devido à presença do vírus no fluido cerebrospinal (da paciente) nove dias após o aparecimento dos sinais clínicos", declarou nesta terça-feira à AFP Annie Lannuzel, pesquisadora do Inserm e cujo trabalho foi publicado na revista The Lancet.

A mielite, uma doença rara, pode deixar sequelas motoras graves. 

Outros vírus, como a varíola, herpes, etc., que podem causar mielite foram descartados no caso da paciente examinada, cujos exames de sangue deram negativo, segundo Lannuzel.

A paciente, de 15 anos, estava em uma fase aguda da infecção pelo zika, com "fraqueza motora de todos os quatro membros, associada à dor muito severa e retenção urinária aguda", indicou Inserm e CNRS em um comunicado conjunto.

Ela foi internada em meados de janeiro no hospital Pointe-à-Pitre com uma paralisia do lado esquerdo.

"Atualmente, a paciente permanece internada, mas sua vida não está em perigo. Ela mostra sinais moderados de fraqueza em ambas as pernas, mas consegue andar sem ajuda", segundo Inserm e CNRS.

"Este caso reforça a hipótese do carácter neurotrópico do vírus zika. Ele destaca a existência de complicações neurológicas na fase aguda da infecção, as síndrome de Guillain-Barré são complicações pós-infecciosas", relatam.

No caso da síndrome de Guillain-Barré, o vírus zika afeta o nervo periférico, enquanto que na mielite ele afeta a medula espinal, explicou a pesquisadora, acrescentando que o tratamento foi realizado por injeção de grandes doses de cortisona.

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