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Plano contra zika da OMS foca Brasil; Banco Mundial pode destinar R$ 500 mi

Thiago Vieira
Thiago Vieira
Publicado em 17/02/2016 às 7:58
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Organização pensa em usar R$ 500 mi reservados para o Ebola no combate ao Aedes / Foto: Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas

Organização pensa em usar R$ 500 mi reservados para o Ebola no combate ao Aedes Foto: Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou ontem um plano estratégico de resposta à epidemia de zika que prevê investimentos globais de US$ 56 milhões. Pelos critérios de distribuição dos recursos, o Brasil receberá a maior parte. As ações previstas envolvem vigilância, campanhas, controle do mosquito, cuidados médicos e pesquisa. Outros R$ 500 milhões, de um fundo planejado para o ebola, podem ser destinados ao combate da emergência internacional causada pelo Aedes aegypti.

O principal objetivo do plano, segundo a OMS, é "investigar e dar respostas sobre a relação entre zika e microcefalia e outras complicações neurológicas". Segundo a diretora-geral da entidade, Margaret Chan, embora a zika fosse antes considerada uma doença branda, "a situação hoje é dramaticamente diferente". "Possíveis ligações com complicações neurológicas e más-formações congênitas mudaram rapidamente o perfil de risco "

A OMS e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) financiarão US$ 25 milhões, enquanto US$ 31 milhões serão divididos entre o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa) e outros parceiros. Embora a distribuição dos recursos seja global, só os países com presença do Aedes, da zika e de más-formações congênitas receberão recursos em todas as áreas. 

Apenas o Brasil preenche todos os quesitos. Países que têm o mosquito, mas não têm a presença de zika, por exemplo, só receberão recursos na área de vigilância e controle do vetor. A preocupação com o Brasil é tão grande que a partir da próxima semana autoridades sanitárias de vários países, incluindo os Estados Unidos, virão ao País - além da própria Margaret Chan, que desembarca dia 23.

Segundo o plano da OMS, quase US$ 15,5 milhões serão investidos no engajamento das comunidades e mais de US$ 14,2 milhões em assistência às pessoas afetadas. Serão distribuídos US$ 7 milhões para vigilância - que inclui diagnósticos e monitoramento da microcefalia -, mais US$ 6,4 milhões para controle do Aedes aegypti e US$ 6,3 milhões para pesquisas. 

Fundo - Já o Banco Mundial trabalha na formação de um fundo internacional de US$ 500 milhões para combate de pandemias que poderia ser utilizado no surto de zika. O assunto foi discutido ontem em Washington pelo presidente da instituição, Jim Yong Kim, e representantes da comunidade científica, entre os quais o presidente da Academia Nacional de Medicina dos Estados Unidos, Victor Dzau. A ideia de criação do fundo começou a ser discutida no ano passado, em resposta ao surto de ebola, e ganhou nova urgência com o zika.

Os recursos do fundo seriam usados no apoio aos países afetados pelas doenças e no fortalecimento de agências regionais. A arquitetura financeira da iniciativa ainda está sendo discutida e deve envolver um misto de emissão de bônus, contribuição de países e instrumentos de seguro. Em seminário realizado ontem em Washington sobre zika, Dzau defendeu a necessidade de criação de uma infraestrutura global de combate a doenças infecciosas. Um estudo americano apontou que pandemias podem custar perdas econômicas de US$ 60 bilhões/anuais. E seriam necessários gastos anuais de US$ 4,5 bilhões para fortalecer a resposta global a essas emergências.

Mais crédito - O embaixador da União Europeia, João Gomes Cravinho, ainda anunciou ontem a abertura de uma linha de crédito de 10 milhões de euros para financiar pesquisas relacionadas ao vírus zika. A ideia é que consórcios formados por institutos, incluindo brasileiros, inscrevam-se para participar da disputa. As regras serão publicadas em março e a expectativa é de que até julho os trabalhos escolhidos sejam divulgados. "Este é um fenômeno da globalização. Nenhum país está isento", avaliou. (Colaborou Lígia Formenti)

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