Contra câncer

Mesmo com oferta maior, só metade das meninas é vacinada contra o HPV

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 01/09/2015 às 18:31
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A vacina visa diminuir os índices de câncer de colo de útero / Foto: Reprodução

A vacina visa diminuir os índices de câncer de colo de útero Foto: Reprodução

A oferta da segunda dose da vacina contra o HPV para meninas de 9 a 11 anos, prevista para iniciar em setembro, esbarra, mais uma vez, na baixa adesão das famílias à primeira etapa da vacinação.

No início do ano, a vacina que antes era ofertada na rede pública apenas para meninas de 11 a 13 anos foi estendida para esta faixa etária, como forma de ampliar a proteção contra o vírus.

Até esta terça-feira (1º), no entanto, só 49% do público-alvo de 9 a 11 anos havia sido imunizado. Os dados são do PNI (Programa Nacional de Imunizações), do Ministério da Saúde.

As doses começaram a ser distribuídas em março deste ano. Não há prazo para fim da campanha, que é permanente.

Ainda assim, a baixa adesão das famílias à vacina contra o HPV coloca em risco a efetividade da política, que visa diminuir os índices de câncer de colo de útero, hoje a terceira causa de morte por câncer entre mulheres no país.

Além disso, quanto mais cedo a vacinação ocorrer, mais eficaz é a proteção - daí a vacina ser indicada a partir de 9 anos, quando ainda não houve atividade sexual e, com isso, maior risco de exposição ao vírus.

Especialistas apontam a dificuldade em levar as adolescentes para unidades de saúde e o temor de eventos adversos à vacina como os principais fatores para a baixa adesão.

No ano passado, uma parceria massiva com as redes de ensino fez com que a primeira etapa de vacinação de meninas de 11 a 13 anos terminasse com mais de 100% do público-alvo imunizado.

Na segunda dose, esse índice cai para 60%, segundo dados atualizados até terça-feira. Agora, a primeira etapa de vacinação para meninas de 9 a 11 anos registra percentual ainda menor no balanço destes seis primeiros meses: 49%.

Ao todo, a vacina tem três doses: a segunda é ministrada após seis meses, e a terceira, após cinco anos. Sem as três doses, a imunização não é totalmente efetiva.

Dados preliminares de uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde em parceria com o governo do Distrito Federal mostram que 85% dos pais souberam da vacina por meio de uma carta da escola. O governo estuda estratégias para ampliar a parceria com as redes de ensino.

Pais que tiverem filhas que ainda não foram vacinadas ou que tiverem doses atrasadas podem procurar as unidades básicas de saúde para obter a proteção, segundo Carla Domingues, do Ministério da Saúde.

Segundo a coordenadora, de 70 casos de eventos adversos registrados desde o início de 2014, só 30 foram confirmados, um número considerado baixo diante das 10 milhões de doses já aplicadas, afirma. Destes 30, a maioria ocorreu por reações psicológicas como ansiedade.

De acordo com Helena Sato, diretora técnica de imunizações de São Paulo, situações como essas são mais frequentes em casos de vacinas aplicadas em adolescentes.

Ela lembra de reações semelhantes, motivadas por ansiedade, durante campanhas ocorridas na Jordânia e Austrália, por exemplo.

MANIFESTO - Na tentativa de divulgar a proteção contra o HPV, quatro entidades lançaram um manifesto nesta terça em que orientam os pais a levarem suas filhas de 9 a 13 anos a unidades de saúde para completarem o esquema de vacinação, "medida necessária para evitar milhares de infecções e perdas irreparáveis", segundo o texto.

O documento se refere aos cerca de 15 mil novos casos de câncer de colo de útero notificados por ano no país, segundo estimativa do Inca (Instituto Nacional de Câncer).

A cada ano, cerca de 5 mil mulheres morrem em decorrência da doença. O manifesto, que traz dados sobre a segurança da vacina, é assinado pela Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações) e sociedades de pediatria, infectologia e pela Febrasgo (federação de ginecologia e obstetrícia).

Além das meninas de 9 a 11 anos, a vacina é indicada para mulheres de até 26 anos com HIV.

PMDB - Em um contraponto aos partidos de oposição, que defendem a devolução da proposta orçamentária enviada pelo governo federal, o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ), defendeu nesta terça-feira (1) que o texto apresentado ao Congresso Nacional é realista, e não uma "peça de ficção".

Nesta quarta-feira (2), a bancada federal do PMDB, a maior da Câmara dos Deputados, irá se reunir e discutirá a proposta orçamentária. A presidente Dilma Rousseff (PT) tem apostado no apoio do partido aliado para tentar reduzir o saldo negativo nas contas do governo federal.

"A proposta demonstra que o momento é difícil e, portanto, requer bom senso. O Orçamento da União veio realista, e não uma peça de ficção", disse à reportagem.

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