Todos os dias, a blogueira americana Jessica Shyba fotografa seu filho cochilando com o cãozinho da família Foto: Reprodução /Momma?s Gone City
Sucesso na web, vídeos com animais de estimação atuando como "babás" de bebês se proliferam e ganham curtidores em todo mundo. Consideradas fofas, as imagens que mostram os pequenos dormindo abraçados aos seus bichinhos ou recebendo lambidas carinhosas escondem perigos à saúde da criança que ainda não tem seu sistema imunológico totalmente formado. Para o pediatra Adriano Mendonça, é importante que a criançada mantenha uma convivência com os animais, mas é necessário estar atento a alguns riscos de infecções bacterianas e virais.
Relação entre crianças e bichinhos fortalece o desenvolvimento cognitivo dos pequenosFoto: Funpic
O médico alerta que, embora seja difícil deixar de lado a relação afetiva com o animal de estimação, que muitas vezes é visto como um "membro da família", é preciso que os pais entendam que os bichinhos não têm a higiene necessária para se relacionar com crianças muito novas, como aquelas menores de cinco anos de idade. "Se o contato humano com humano traz riscos, quem dirá humano com animal. Pensar que expor as crianças aos riscos é fortalecer seus sistema imunológico é uma coisa muito simplista. Se fosse assim, vamos todos pegar todas as doenças para adquirir anticorpos", alertou o pediatra.
O especialista pondera, no entanto, que "como tudo na vida" é preciso saber dosar a relação entre a criança e seus animais de estimação. "Hoje a medicina avançou muito no uso de cães, cavalos, e muitos outros animais no tratamento de pessoas hospitalizadas, ou com distúrbios cognitivos. Os animais fazem bem, sim, à saúde", avaliou o médico que tem 15 anos de experiência na área.
Mãe de uma menina de 2 anos e 11 meses, a veterinária Erika Santiago rebate as afirmações do médico e afirma que não teme que sua filha se contamine com alguma zoonose e garante que a pequena Isabel tem livre acesso aos gatos da família, os peludos Guga, de 5 anos, e Almeida, de 7 anos. "Sempre haverá esse debate. Enquanto o médico diz que os animais oferecem riscos, nós veterinários vamos defender essa relação entre a criança e o animal", respondeu.
Isabel, de 2 anos e 11 meses, tem uma relação carinhosa com os gatos da família. Fotos: cortesia
Erika alerta que alguns cuidados básicos precisam ser tomados para evitar qualquer problema de saúde, como vacinar e vermifugar o animal de estimação e mantê-lo sempre higienizados, no mais, a relação deve acontecer de maneira livre. "Na minha gestação, li que se a grávida mantém contato com animais de estimação o bebê desenvolve, automaticamente, anticorpos para diversas zoonoses. Hoje minha filha abraça, beija, e brinca com os nosso gatos sem nenhum problema", explicou a veterinária.
Para a mãe de Isabel, a relação da menina com os animais é muito sadia, uma vez que a pequena aprende a cuidar, amar e se preocupar com aqueles que são de outra espécie. "Só temos mais atenção, por exemplo, quando eles estão brincando. Ela não sabe medir a força ainda. Eles não sabem falar e dizer se está doendo. Aí a gente tem que ficar de olho para evitar que ela machuque os gatos e eles reajam arranhando, por exemplo", ressaltou Erika Santiago.
Confira dicas para um convívio saudável com animais em casa:
1 - O animal precisa ter o seu espaço delimitado. Não deve transitar livremente por todos os cômodos da casa; principalmente pela sala, quartos e cozinha;
2 - O adulto que cuida do animal deve sempre manter as mãos muito bem higienizadas. O pelo de alguns animais pode agravar quadros de asma em crianças; a higiene na casa é fundamental.
É preciso ficar de olhos quando a criança estiver brincando com o animal domésticoFoto: Funpic
4 - O animal deve estar devidamente vacinado, vermifugado e tomar banhos periódicos - em climas quentes o ideal é uma vez por semana.
5 - Uma criança nunca deve ficar sozinha em algum ambiente com o animal.
Veja algumas das zoonoses que podem ser transmitidas aos humanos:
Doença | Agente etiológico | Animal de estimação |
Arranhadura do gato | Bartonella henselae | Gato |
Blastomicose | Blastomyces dermatitidis | Cão e gato |
Brucelose | Brucella canis | Cão |
Coriomeningite linfocitária | Arenavírus | Roedores |
Criptococose | Cryptococcus neoformans | Cão, gato, ovinos, primata |
Dermatoses | Ácaros e pulgas | Cão e gato |
Doença de Lyme | Borrelia burgdorferi, através de carrapatos | Cão, mamíferos silvestres |
Esporotricose | Sporothrix schenckii | Cão e gato |
Febre Maculosa | Rickettsia rickettsii, através do carrapato-estrela | Cão, coelho, cavalo |
Histoplasmose | Histoplasma capsulatum | Pássaros |
Leptospirose | Leptospira spp. | Rato e gato |
Raiva | Vírus da raiva | Cão, gato e outros animais |
Salmonelose | Salmonella spp. | Cão, gato, hamsters, jabotis, aves e répteis |
Teníase | Hymenolepis nana e Taenia taeniformis | Cão, gato, hamster |
Tétano | Clostridium tetani | Homem e outros animais |
Tularemia | Francisella tularensis | Coelho e gato |