Prevenção

Hospital no Recife simula nesta quinta atendimentos de casos de ebola

Mariana Dantas
Mariana Dantas
Publicado em 10/09/2014 às 17:05
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A simulação, que começa às 14h30 e funciona como treinamento, envolve equipes do Oswaldo Cruz (hospital) e do Samu / Foto: Helia Scheppa/JC Imagem

A simulação, que começa às 14h30 e funciona como treinamento, envolve equipes do Oswaldo Cruz (hospital) e do Samu Foto: Helia Scheppa/JC Imagem

O Hospital Oswaldo Cruz, ligado à Universidade de Pernambuco, realiza nesta quinta-feira (11), no Recife, a primeira simulação para atendimento de casos suspeitos de contaminação pela Doença do Vírus Ebola (DVE). O hospital é referência no tratamento de doenças infecto-contagiosas e responsável pela operação de prevenção ao ebola em Pernambuco. Apesar de considerar baixo o risco da presença e disseminação da doença no Brasil, o infectologista e coordenador do projeto, Demetrius Montenegro, considera importante a equipe estar preparada para a possibilidade, mesmo que remota, de uma pessoa com o vírus chegar a Pernambuco, seja por transporte aéreo ou através dos portos.

A simulação, que começa às 14h30 e funciona como treinamento, envolve equipes do Oswaldo Cruz e do Samu. Também participarão profissionais da Anvisa e Secretaria de Saúde (SES) que atuam na articulação dos atendimentos (recebem ligações e orientam o encaminhamento da ambulância).

Além de simular o transporte do paciente da ambuância até o hospital, o treinamento engloba o uso dos kits de equipamentos de proteção individual (EPI), que incluem roupas, máscaras, botas e luvas, e a realização dos primeiros procedimentos, como a coleta de sangue e avaliação dos sintomas. Os kits de EPIs que serão experimentados na simulação desta quinta já foram entregues ao hospital pela SES. 

Demetrius Montenegro coordenará a simulação

Demetrius Montenegro coordenará a simulaçãoFoto:Mariana Dantas/NE10

“A ocorrência do ebola hoje está concentrada nos países africanos Guiné-Cronacri, Serra Leoa, Libéria e Nigéria. Existe um controle rigoroso e, por isso. não acredito no risco de epidemia em outros países, muito menos no Brasil. O que pode ocorrer é o registro de um caso isolado e, para isso, estaremos preparados”, afirmou Demetrius Montenegro, que nesta quarta-feira (10) ministrou palestra para funcionários do Hospital Oswaldo Cruz e estudantes onde apresentou detalhes da operação de prevenção.

“Vale destacar que uma equipe específica irá trabalhar no atendimento. Ou seja, médicos plantonistas e da emergência não terão contato direto com os pacientes”, explicou.  A equipe da simulação é formada por 12 médicos, além de enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Todos se ofereceram para trabalhar na operação.

A técnica em enfermagem Jane Silva, 39, que trabalha há mais de 20 anos no Oswaldo Cruz, integra a equipe. “Decidi participar porque é uma chance de ganhar conhecimento. Também estou pronta para contribuir”.

OPERAÇÃO NACIONAL –
A simulação desta quinta-fera envolve apenas a equipe da ambulância do Samu e do Hospital Oswaldo Cruz. Mas, de acordo com o infectologista Demetrius Montenegro, para situações reais, a operação envolve vários outros órgãos e normas para identificar casos suspeitos.

“É preciso ter cuidado para não criar ‘rótulos’ e ter atitudes preconceituosas ou de pânico. O fato de alguém viajar para a África não significa que essa pessoa tem risco de contrair o ebola. O público considerado de risco é aquele que esteve há menos de 21 dias (prazo máximo de encubação da doença) nos países com ocorrência de ebola (Guiné-Cronacri, Serra Leoa, Libéria e Nigéria) e que apresentam os sintomas como febre, dores musculares e enjoos”, explica o médico. 

Mortes pelo ebola confirmadas desde o início do ano*

* Atualizado até 09/09/2014. Fonte: OMS

O trabalho de identificação será realizado pelas equipes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que já estão de plantão no Aeroporto Internacional dos Guararapes e nos portos de Suape e do Recife. Se algum passageiro que esteve nos países citados pelo médico apresentar algum sintoma, uma ambulância especial do Samu será acionada para levar o paciente até o Oswaldo Cruz, no bairro de Santo Amaro, região central do Recife.

Ao chegar à unidade, o paciente será examinado e passará por duas coletas de sangue. Um dos materiais será enviado de avião para o Laboratório do Instituto Evandro Chagas, em Belém (PA) – único credenciado no País para fazer o teste do ebola. O outro material colhido será utilizado no Recife para exames do tipo sanguíneo e de malária (doenças de sintomas parecidos com o ebola).

Os kits de EPI já foram distribuídos pela SES

Os kits de EPI já foram distribuídos pela SESFoto:Mariana Dantas/NE10

Caso seja confirmada o ebola, o paciente será transportado em um avião para o Hospital da Friocruz, no Rio de Janeiro, que ficará responsável em tratar todos os pacientes do País. 

Sobre a possibilidade das pessoas apresentarem os sintomas do vírus ebola dias após a chegada a Pernambuco, o infectologista explicou que, em todos os hospitais do Estado, terá um profissional capacitado para atendê-lo, inclusive com equipamento de proteção. “Esse profissional deverá acionar o Samu para encaminhar o paciente ao Oswaldo Cruz”, explicou. 

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