Época

Documentos do Itamaraty revelam lobby de Lula para a Odebrecht na África, diz revista

Benira Maia
Benira Maia
Publicado em 03/10/2015 às 17:14
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“Lula citou, então, telefonema que dera ano passado ao Presidente Obiang sobre a importância de se adjudicar (ganhar a licitação de) obra de construção do aeroporto de Mongomeyen à empresa Odebrecht”, registrou em telegrama enviado ao Itamaraty / Foto: Reprodução/Internet

“Lula citou, então, telefonema que dera ano passado ao Presidente Obiang sobre a importância de se adjudicar (ganhar a licitação de) obra de construção do aeroporto de Mongomeyen à empresa Odebrecht”, registrou em telegrama enviado ao Itamaraty Foto: Reprodução/Internet

Documentos secretos do Itamaraty obtidos pela revista “Época” revelam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez lobby para a Odebrecht, em 2013, na Guiné Equatorial — país governado há 36 anos pelo ditador Teodoro Obiang. No dia 13 de março, Lula esteve com empreiteiros brasileiros, que reclamaram sobre a demora do BNDES e o Banco do Brasil para liberação de financiamentos na África, e depois encontrou-se com o vice-presidente da Guiné, Ignacio Milán Tang. O encontro foi testemunhado pela embaixadora do Brasil em Malabo, Eliana da Costa e Silva Puglia.

“Lula citou, então, telefonema que dera ano passado ao Presidente Obiang sobre a importância de se adjudicar (ganhar a licitação de) obra de construção do aeroporto de Mongomeyen à empresa Odebrecht”, registrou em telegrama enviado ao Itamaraty.

Segundo a “Época”, a diplomata presenciou a atuação do ex-presidente a favor da Odebercht. A Andrade Gutierrez, que também participava da concorrência do aeroporto, não contou com a ajuda do ex-presidente. A revista ressalta que os documentos confidenciais estão sendo analisados pelo Ministério Público Federal em Brasília.

Depois da visita à Guiné, Lula ainda passou por Acra, capital de Gana. Lula, então , foi recebido pelo chefe de Estado do país, John Dramani Mahama. Numa conversa privada, Mahama teria pedido o apoio de Lula para conseguir a liberação do financiamento de US$ 1 bilhão para projetos de infraestrutura no país.

“O ex-presidente Lula disse acreditar que o BNDES teria condições de acolher a solicitação da parte ganense e, nesse sentido, intercederia junto à presidenta Dilma Rousseff”, registra o telegrama do Itamaraty sobre a reação ao pedido.

Então, o presidente de Gana entregou uma nota formalizando a solicitação de crédito. Quatro meses depois, o BNDES liberou o dinheiro para um consórcio formado pela Odebrecht e pela Andrade Gutierrez, ambas empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato, para a construção de uma rodovia em Gana.

APARTAMENTO DE LULA - Envolvida no escândalo da Lava-Jato, a construtora OAS teria pagado a reforma da cobertura triplex que pertence à família do ex-presidente Lula no Guarujá, litoral paulista. A informação está na edição da revista “Veja” que começou a circular neste sábado.

De acordo com a revista, a OAS teria contratado a Tallento Inteligência em Engenharia, uma firma especializada em reformas luxuosas, para cuidar da obra durante o ano passado. A “Veja” reproduz declarações de funcionários que teria participado da empreitada e publica fotos de como teria ficado o apartamento.

“Nos dias em que eles marcavam para visitar a obra, a gente tinha de parar o trabalho e ir embora. Ninguém era autorizado a permanecer no apartamento. Só ficamos sabendo quem era o dono muito tempo depois, pelos vizinhos e funcionários do prédio, que reconheceram dona Marisa e o Lulinha (Fábio Luís Lula da Silva, o filho mais velho do ex-presidente)", reproduz a revista.

A OAS assumiu as obras no edifício localizado de frente para a Praia das Astúrias após a Bancoop — a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo — abandonar a obra.

Procurado nesta sábado, o Instituto Lula repetiu que o apartamento pertence à construtora OAS e que a esposa de Lula, Marisa Letícia, possui apenas cotas do empreendimento.

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