Ex-ministro da Casa Civil é apontado como um organizadores do esquema de pagamento de propina da Petrobras Foto: Reprodução
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"José Dirceu foi um importante líder político brasileiro. Ele representou, por muito tempo, os ideias de muitos. Aqui nós não julgamos José Dirceu. Nós não julgamos pessoas ouvidas, mas fatos e atos concretos. Não está em questão quem foi José Dirceu ao longo da História. Não está em questão o que ele fez pela consolidação da democracia no nosso país. Mas sim se ele praticou fatos que são crimes em um contexto determinado. As provas, as evidências, nos dizem que sim. Que ele praticou crimes graves e deve ser responsabilizado como qualquer pessoa porque nós vivemos numa República", afirmou o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava-Jato.
Dallagnol citou o discurso histórico presidente norte-americano Abraham Lincon - no qual disse que o “o governo do povo, pelo povo e para o povo” - para enfatizar o custo da corrupção descoberta na Operação Lava-Jato.
"A democracia sofre um ataque toda vez que o governo não é exercido para o povo. A corrupção em larga escala desvirtua o exercício do poder que devia ser exercido em benefício da população, mas é exercido em benefício dos próprios governantes e depois influentes. O que a Lava-Jato revela é o exercício de um governo em benefício de interesses particulares. De governantes que se enriquecem e de um capitalismo “bicompadrio”. Em que alguns empresários querem lucrar a qualquer custo se aproximam de pessoas de influência, de agentes públicos, para benefício mutuo de seus próprios bolsos em prejuízo a população. Hoje nos apresentamos mais um capítulo de uma história em que mostramos o exercício de um poder para fins particulares", criticou o procurador.
Dirceu é apontado pela Polícia Federal como um dos organizadores do esquema de pagamento de propina da Petrobras. De acordo com relatório da PF, o ex-ministro ‘capitaneava quadrilha’: “Observa-se portanto que o fato de ter deixado o posto de ministro da Casa Civil e a cassação do mandato de deputado federal não serviram para retirar do investigado José Dirceu todo o poder político que o mesmo angariou no primeiro mandato do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, sendo o homem forte do primeiro mandato”, assinala a PF.
Também estão entre denunciados Roberto Marques, apontado como braço-direito do ex-ministro; Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão e sócio de Dirceu e Camila Ramos de Oliveira e Silva, filha do ex-ministro.
A lista divulgada nesta sexta possui três novos nomes se comparado ao indiciamento feito pela PF na terça-feira. São eles: a arquiteta Daniela Leopoldo e Silva Facchini, que reformou a casa de Dirceu em Vinhedo (SP), o consultor e lobista Julio Camargo, e o ex-gerente da Petrobras e delator Pedro Barusco.
Também foram denunciados Fernando Moura, Olavo Moura, Milton Pascowitch, José Adolfo Pascowitch, Cristiano Kok, José Antunes Sobrinho e Gerson Almada e Julio César Santos.