Operação Lava Jato

Executivos da Andrade Gutierrez viram réus por suspeita de corrupção

Maria Luiza Veiga
Maria Luiza Veiga
Publicado em 29/07/2015 às 19:10
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Juiz federal Sergio Moro aceitou a denúncia contra executivos da Andrade Gutierrez, que agora passam a responder sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa / Foto: Agência Brasil

Juiz federal Sergio Moro aceitou a denúncia contra executivos da Andrade Gutierrez, que agora passam a responder sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa Foto: Agência Brasil

O juiz federal Sergio Moro aceitou, na tarde desta quarta-feira (29), a denúncia contra executivos da Andrade Gutierrez, que agora passam a responder sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A denúncia foi feita pela força-tarefa da Operação Lava Jato, que investiga o pagamento de propina em obras públicas, contra o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, e outras 12 pessoas, incluindo ex-funcionários da empreiteira.

Azevedo está preso preventivamente em Curitiba, sede das investigações, desde junho, junto com o diretor da Andrade Elton Negrão de Azevedo Júnior -também denunciado nesta ação.

De acordo com a decisão do juiz Sergio Moro, há "provas documentais do fluxo financeiro" entre a Andrade Gutierrez e operadores de propina, paga em dez contratos da empresa com a Petrobras.

O Ministério Público Federal acusa a empreiteira de ter promovido o pagamento de R$ 243 milhões em vantagens indevidas nesses contratos. Foram detectadas movimentações de pelo menos R$ 10 milhões, aproximadamente, em operações de lavagem de dinheiro, feitas com o auxílio dos operadores Alberto Youssef, Fernando Soares (o Baiano), Armando Furlan Júnior, Mario Goes e Lucélio Goes.

A empresa nega todas as acusações.

NOVA DELAÇÃO - Na decisão, Moro releva que Mario Goes, preso desde fevereiro, fechou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.

Ele admitiu que movimentou pelo menos R$ 3,4 milhões e outros US$ 6 milhões, no Brasil e no exterior, para o pagamento de propinas a Pedro Barusco, ex-gerente da área de Serviços da Petrobras.

E-mails trocados entre empreiteiras com indícios de acertos para licitações também foram destacados por Moro como provas da participação da Andrade Gutierrez no esquema.

"Além do depoimento dos colaboradores, a documentação que indica a existência do cartel e dos ajustes de licitação e a prova documental do fluxo financeiro entre a Andrade Gutierrez e os operadores conferem sustentação à denúncia", escreveu o juiz.

No total, são 13 os réus da ação: além dos dois atuais executivos da Andrade Gutierrez, respondem ao processo os ex-funcionários da empreiteira Antônio Pedro Campelo de Souza, Flávio Gomes Machado Filho e Paulo Roberto Dalmazzo; os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque; o ex-gerente da estatal Pedro Barusco Filho e os operadores Alberto Youssef, Armando Furlan Júnior, Fernando Soares, Lucélio Goes e Mario Goes.

OUTRO LADO - Em nota, a defesa da Andrade Gutierrez informou que a resposta às acusações será dada "nos autos da ação penal, fórum adequado para tratar o assunto, e não discutirá o tema pela mídia".

Quando a denúncia foi oferecida, na semana passada, a empresa disse que a acusação "parece não trazer elementos novos além dos temas já discutidos anteriormente, e que já foram esclarecidos no inquérito".

A nota ainda dizia que, "infelizmente", os esclarecimentos trazidos pela empreiteira não foram levados em consideração.

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