Brasília

Renan critica PMDB por apoio ao ajuste fiscal do governo

Júlio Cirne
Júlio Cirne
Publicado em 28/05/2015 às 19:40
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Renan criticou a estratégia do governo para garantir a aprovação das MPs, em especial a distribuição dos cargos / Foto: Reprodução

Renan criticou a estratégia do governo para garantir a aprovação das MPs, em especial a distribuição dos cargos Foto: Reprodução

Depois de comandar a aprovação de três medidas provisórias do ajuste fiscal, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), criticou nesta quinta-feira (28) o fato de a maioria do PMDB ter apoiado as MPs do ajuste.

Crítico das medidas, Renan disse que o partido deveria "qualificar" melhor sua participação no governo.

"O que eu gostaria era que o PMDB, nesse momento de dificuldade nacional, qualificasse a coalizão de governo, deixasse claro qual seria a expressão do seu papel dentro dessa coalizão. Eu acho que, se o PMDB fizer isso, o PMDB se sairá melhor. Se o PMDB não fizer isso, o PMDB vai acabar herdando do governo aquilo que o governo tem de pior", afirmou Renan.

O presidente do Senado votou contra a primeira MP do ajuste aprovada pelo Senado, que impôs mudanças no abono salarial e no seguro desemprego.

Apesar de ter a prerrogativa de se manter neutro na votação, o peemedebista registrou o seu voto contra a mudança nos direitos trabalhistas. Renan vem fazendo sucessivas críticas às medidas provisórias e ao ajuste fiscal, desde que foi anunciado pelo governo.

"Eu não sou o PMDB, o PMDB age coletivamente. Quando tive oportunidade, votei contrariamente", atacou.

Renan também cobrou da presidente Dilma Rousse que, com a aprovação do ajuste fiscal pelo Congresso, o governo agora apresente projetos para a "retomada do desenvolvimento" do país.

"O Congresso fez sua parte, amenizou prejuízos causados aos trabalhadores. Mas nós esperamos que o governo nos próximos dias tenha condições de apresentar propostas para retomar o desenvolvimento, para retomar investimentos, para retomar exportações."

O governo conseguiu aprovar as MPs do ajuste fiscal na Câmara após uma intensa oferta de cargos para partidos aliados no segundo escalão do governo. Os senadores aprovaram as MPs, mesmo com margem apertada de votos na questão do abono salarial, a exemplo dos deputados.

Renan criticou a estratégia do governo para garantir a aprovação das MPs, em especial a distribuição dos cargos, negociadas pelo Palácio do Planalto. "Se o PMDB não buscar dar fundamento à coalizão, o PMDB vai repetir aí essa nomeação de cargos. E isso não qualifica a política, nem qualifica o partido."

O Senado aprovou nesta quinta (27) a terceira MP do ajuste fiscal, depois de também ter aprovado as outras duas primeiras medidas do ajuste ao longo desta semana.

Foi aprovada, em votação simbólica, a medida provisória 668, que eleva a taxação sobre produtos importados, com a qual o governo conta para arrecadar R$ 700 milhões neste ano. Para 2016, a expectativa de receita com a medida é de R$ 1,2 bilhão.

Agora, para fechar o pacote de redução de gastos e aumento de impostos em tramitação no Congresso, resta a votação do projeto de lei que reduz a desoneração tributária a empresas, com o aumento da contribuição patronal.

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