Crítica

Ministro da Justiça reconhece falta de recursos na segurança pública

Renata Dorta
Renata Dorta
Publicado em 30/07/2014 às 19:15
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O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, admitiu no final da trade desta quarta-feira (30), durante palestra em São Paulo, que faltam recursos para a segurança pública no Brasil. A declaração não foi dada em tom de crítica, uma vez que, segundo o ministro, faltam recursos para todas as áreas.

"Faltam recursos para a segurança pública, mas faltam recursos para todas as áreas. Esta é uma realidade que nós não podemos ignorar", disse Cardozo, ressaltando que o problema não atinge somente a esfera federal, mas também os Estados.

Cardozo repudiou porém o que chamou de bravatas, promessas de investimentos sem a definição de como serão levantados os recursos. "Não se pode fazer bravatas sem consistência. Dizer que investirei bilhões sem dizer de onde tiro", afirmou durante palestra no 8º Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública na Fundação Getulio Vargas, na capital paulista.

Nos últimos dias, o principal candidato de oposição à Presidência, Aécio Neves (PSDB), tem feito acusações ao governo federal na área de segurança pública. Aécio chegou a dizer que o governo pratica "omissão criminosa na condução de política nacional de segurança pública". O ministro da Justiça, no entanto, não citou o nome de Aécio ou de qualquer outro adversário enquanto fazia a crítica.

SISTEMA PRISIONAL - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, voltou a criticar duramente o sistema prisional brasileiro. Ele já havia causado polêmica em 2012 ao afirmar que preferiria morrer a ficar preso em um presídio brasileiro, disse hoje que a política do aprisionamento não só não resolve, como aumenta o problema. "Nosso sistema prisional é medieval", afirmou Cardozo.

Cardozo disse que o atual sistema mistura presos de alta periculosidade com pessoas que não deveriam estar sequer presas, o que impossibilita a recuperação dos detentos. Para ele, a "cultura de aprisionamento" gera superlotação e formação de organizações criminosas.

Ministro da Justiça desde o início do atual governo, Cardozo afirmou que a presidente Dilma Rousseff investe mais em segurança pública do que seus antecessores. Segundo dados citados por ele, Fernando Henrique Cardoso gastava, em média, R$ 1,2 bilhão por ano, Lula investia R$ 2,6 bilhões, enquanto Dilma destinou R$ 3,6 bilhões.

Apesar de ter admitido mais cedo que há falta de recursos para a segurança, ele ponderou outras necessidades que existem em um governo. "Política de segurança pública não se coloca fora da política econômica do Estado quando falamos de finanças", disse o ministro, que chegou a citar a necessidade de se fazer superávit primário. Mais cedo, ele havia criticado os que falam em aumentar investimento em segurança pública sem explicar como serão gerados os recursos.

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