Executivo e legislativo

Número de mulheres eleitas diminui no Brasil

Amanda Miranda
Amanda Miranda
Publicado em 29/10/2014 às 7:43
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52,1% do eleitorado brasileiro é de mulheres, o que equivale a 74,2 milhões de pessoas / Foto: ABr

52,1% do eleitorado brasileiro é de mulheres, o que equivale a 74,2 milhões de pessoas Foto: ABr

No mesmo ano em que a primeira mulher eleita presidente, Dilma Rousseff (PT), se reelegeu, feito também inédito, o Brasil vive a diminuição no número de mulheres nos poderes executivo e legislativo. Pela primeira vez em 16 anos, apenas um estado tem uma representante do gênero como governadora - Roraima elegeu Suely Campos (PP) no segundo turno, mas em 2010, por exemplo, foram eleitas Roseana Sarney (PMDB-MA) e Rosalba Ciarlini (DEM-RN). Além disso, enquanto foram eleitas 51 deputadas federais no último pleito, hoje elas são 45 dos 513 deputados federais. De 132 deputadas estaduais, a soma das assembleias legislativas do País passou para 120 dos 1.060 parlamentares em todo o País.

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Pernambuco teve um ganho a nível estadual e uma perda na bancada federal. Ana Arraes (PSB) e Luciana Santos (PC do B) foram votadas para a Câmara dos Deputados há quatro anos, mas, a mãe do ex-governador Eduardo Campos se tornou ministra do Tribunal de Contas da União no meio do mandato e a ex-prefeita de Olinda irá voltar a tomar posse sozinha em Brasília no próximo ano.

Na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), a presidente do Partido dos Trabalhadores no Estado, Teresa Leitão, e a filha do governador João Lyra (PSB), a também socialista Raquel Lyra, foram reeleitas. Além dela, vão assumir Simone Santana, esposa do prefeito de Ipojuca, Carlos Santana, ambos do PSB; Socorro Pimentel (PSL), esposa do ex-deputado socialista Raimundo Pimentel, que rompeu com o partido para apoiar a candidatura de Armando Monteiro Neto (PTB) ao Governo do Estado; e Priscila Krause (DEM), filha do ex-governador pelo antigo PFL Gustavo Krause. Laura Gomes (PSB) e Mary Gouveia (PHS) não foram reeleitas. Assim, a fatura fica: cinco mulheres escolhidas para o cargo em 2014 contra quatro em 2010.

CONGRESSO - Como o mandato dos senadores é de oito anos, a cada eleição muda o número de senadores eleitos: se em um pleito dois terços da Casa são renovados, cabendo a cada estado e ao Distrito Federal eleger dois representantes, quatro anos depois só haverá votação para um parlamentar.

Este ano, foi essa última opção. Dos 27 legisladores eleitos, quatro foram mulheres, metade do Nordeste: Maria do Carmo (DEM-SE), Fátima Bezerra (PT-RN), Kátia Abreu (PMDB-TO) e Rose de Freitas (PMDB-ES).

Proporcionalmente, esse cenário é semelhante ao de 2010, quando foram escolhidos dois senadores por estado. Na eleição passada, nove mulheres tornaram-se senadoras, apenas uma nordestina, Lídice da Mata (PSB-BA), candidata a governadora da Bahia este ano que ficou em terceiro lugar na disputa vencida pelo petista Jaques Wagner.

Da mesma forma que em 2010, Pernambuco não elegeu nenhuma senadora. Isso não é inédito, já que o Estado fruto de uma sociedade patriarcal nunca teve uma senadora.

HISTÓRIA - Nacionalmente, as mulheres votaram e foram votadas pela primeira vez na na eleição para a Assembleia Nacional Constituinte de 1933, depois de mais de 100 anos de luta, já que os debates sobre o assunto começaram antes da Constituição de 1824, documento que não trazia impedimentos a esse direito, mas também não os explicitava.

Dilma Rousseff foi a primeira mulher eleita presidente do Brasil

Dilma Rousseff foi a primeira mulher eleita presidente do BrasilFoto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

Entretanto, antes disso, uma nordestina já havia sido escolhida prefeita. Em 1929, o município de Lages, no Rio Grande do Norte, escolheu Alzira Soriano para o cargo. A norma que permitia o voto e a candidatura foi da lei eleitoral de dois anos antes, o que permitiu às mulheres de Natal, Mossoró, Açari e Apodi se alistarem.

Todos os partidos políticos e coligações devem destinar pelo menos 30% das candidaturas ao gênero desde 2002.

Segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), dos mais de 6,3 milhões de eleitores pernambucanos, quase 3,4 milhões são mulheres. Apesar disso, 30,81% dos candidatos a deputado federal e 30,88% dos candidatos a deputado estadual eram do sexo feminino no Estado, pouco mais que a cota. Para o Executivo, se candidataram duas ao Senado - Albanise Pires (PSOL) e Simone Fontana (PSTU) - e outras duas a vice-governadoras - Viviane Benevides (PMN) e Katia Telles (PSTU) -, porém nenhuma teve votação expressiva. Esse é um retrato do Nordeste, região com, proporcionalmente, menos candidatas que o restante do País nesse pleito.

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