Milhares de pessoas lotaram a Praça da República na despedida a Eduardo Campos Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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A primeira leitura da celebração foi feita pelo filho mais velho do ex-governador, João Henrique Campos, de 20 anos, seguido por trecho bíblico entoado pelo irmão, Pedro Henrique. No entorno da estrutura montada para a cerimônia, milhares de corações apertados seguiam a cerimônia. Muitos incrédulos, outros chorosos, alguns perplexos. A dor - quase palpável - era um pouco apaziguada pelas palavras de Saburido. "Está morto um homem, mas que tem suas convicções vivas e que não teve a fraqueza de vender sua consciência", afirmou, completando em referência às demais vítimas: "Eles estão vivos. Não vivem somente na nossa lembrança - que tem dificuldade de acreditar que (eles) morreram, mas vivem porque estão em Deus, na vida definitiva".
Todos ali estavam em uma espécie de comunhão com a família de Eduardo Campos. Com Renata, com os filhos Maria Eduarda, Pedro, João, José e Miguel. Com a mãe Ana e o irmão Antônio. "Sentíamos nele, acima do gestor, um ser humano apaixonado pelo povo - especialmente os mais empobrecidos. Isso o aproximou muito de cada um de nós, mesmo para aqueles que nunca o viram de perto", expressou pela multidão dom Fernando Saburido.
Pelo mistério da Fé, eles estarão para sempre conosco
A dor instalada foi comparada pelo arcebismo, em determinado momento, com o calvário enfrentado por Nossa Senhora. "Nesta hora, por exemplo, é como se estivéssemos diante de um outro calvário. Estamos ouvindo o clamor de tristeza de esposas e filhos, pais e irmãos, familiares e amigos, enfim, de todo o povo de Pernambuco e do Brasil. Perguntemos à Virgem Maria como é que ela foi capaz de permanecer de pé junto à cruz de seu Filho!? Deus lhe deu forças, mas também lhe deu força a convicção que levou seu Filho a amar-nos até o fim. O calvário não é o fim do percurso da vida de Jesus, nem de seus discípulos", explicou aos presentes.
A característica cristã de Campos e o apreço pelos momentos em família também foi tocado pelo arcebispo. "Durante esta semana veicularam nas redes sociais muitas imagens de Eduardo. Mas nenhuma emocionou mais do que aquelas que o mostrava no aconchego do lar, com sua família, sua mulher e seus filhos". Aspecto este notado na cantoria de Nossa Senhora, quando todos se abraçaram. João, sempre ao lado do caixão. José, agarrado à mãe, que o cobria de beijos e afagos. Maria Eduarda abraçada à avó.
O filho José, abraçado ao caixão, é amparado pelo irmão JoãoFoto: Diego Nigro / JC Imagem
As últimas palavras de Saburido tentaram, ao menos, confortar aqueles que ali estavam. "Esperamos confiantes que eles estejam Convosco para sempre. Acolhei-vos em Vossa casa, que nós ainda estamos a caminho. Ajudai-vos, Senhor, a consolar-nos uns aos outros", clamou o arcebispo.