Manifestações

Brasileiros fazem greves e protestos contra os ajustes de Temer

MARÍLIA BANHOLZER
MARÍLIA BANHOLZER
Publicado em 15/03/2017 às 16:12
Leitura:

Pernambuco também foi palco de protestos contra o presidente da República / Foto: Aline Araújo/Jornal do Commercio

Pernambuco também foi palco de protestos contra o presidente da República Foto: Aline Araújo/Jornal do Commercio

Centenas de manifestantes ocupavam nesta quarta-feira (15) o Ministério da Fazenda durante um dia de greves e protestos contra os programas de ajuste do governo de Michel Temer, o que provocou transtornos em São Paulo e outras cidades brasileiras.

O Ministério da Fazenda, em Brasília, foi ocupado às 05H00 por 500 militantes do Movimento Sem Terra (MST), que colaram cartazes para denunciar os projetos de reforma da previdência e da lei trabalhista, observou um repórter da AFP.

As autoridades indicaram que 200 pessoas participaram "da invasão" e "provocaram danos materiais". O MST considerou que eram 1.500.

Cerca de 5.000 pessoas, segundo a polícia, participaram do protesto na Esplanada dos Ministérios. Com cruzes brancas e um caixão de papelão colocado em frente ao Congresso, os manifestantes rejeitaram o projeto de reforma da previdência que, se for aprovado sem mudanças, obrigará os brasileiros a contribuírem por 49 anos para ter direito à aposentadoria integral.

São Paulo amanheceu com greve nos transportes públicos - o metrô estava fechado e poucos ônibus circulavam nas ruas -, embora, aos poucos, os serviços tenham sido restabelecidos.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outras organizações sindicais convocaram um ato para a parte da tarde na Avenida Paulista, assim como acontecerá em dezenas de cidades, para defender "os direitos sociais".

Os protestos se estendem por mais de 20 capitais de todo o País. Em Belo Horizonte, os organizadores reportaram mais de 100.000 pessoas, 30.000 em Fortaleza, mais de 10.000 em Salvador e em Goiânia.

Sistema previdenciário em "colapso"

Temer sustentou nesta quarta-feira em um evento público que seu governo busca resgatar o sistema previdenciário do "colapso", "para salvar os benefícios dos aposentados de hoje e dos jovens que se aposentarão amanhã".

"Não vai tirar direito de ninguém", assegurou.

Desde que assumiu a presidência em 2016, Temer impulsiona um programa de ajustes com a pretensão de recuperar a confiança dos mercados e reativar a economia do país, que está em recessão há mais de dois anos.

Além da reforma na previdência, o governo tramita um projeto de reforma trabalhista, que determina que as negociações setoriais poderão prevalecer sobre a legislação, entre outras normas de flexibilização com as quais o governo espera estimular as contratações para reverter um nível recorde de desemprego (12,6%, quase 13 milhões de pessoas).

Para a professora Mirna Aragon, que participou de um protesto no Rio de Janeiro, os projetos de Temer representam uma perda de direitos.

"A sociedade precisa gritar porque a classe política esta fazendo o que quer, o que deseja com esse país". Estão "colocando no lixo a luta dos trabalhadores, os direitos trabalhistas", disse à AFP.

Congresso sob pressão

A resistência ao endurecimento da legislação social são sentidas dentro do PMDB, que visa as eleições presidenciais e legislativas de 2018.

Os protestos ocorrem em um clima político de tensão pelas acusações de corrupção relacionadas ao caso da Petrobras.

Na terça-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicitou a abertura de 83 novos inquéritos contra políticos com foro privilegiado, com base nas delações premiadas feitas por 77 executivos da Odebrecht.

Os nomes dos suspeitos ainda não foram divulgados, mas segundo a imprensa há o de Lula e Dilma, cinco ministro de Temer, além dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado.

Entretanto, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, descartou que as tensões geradas pela lista de Janot ameacem as reformas.

"Acredito que a lista de Janot não irá prejudicar a votação da reforma [da previdência]. Os três poderes são independentes e estão funcionando normalmente", declarou.

Mais lidas