Eleição de 2014

Odebrecht nega acerto com Temer, mas aponta caixa 2 na campanha de Dilma

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Publicado em 01/03/2017 às 21:31
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O primeiro a ser ouvido foi Marcelo Odebrecht, na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) / Foto: Reprodução

O primeiro a ser ouvido foi Marcelo Odebrecht, na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) Foto: Reprodução

O pagamento do publicitário João Santana, responsável pela campanha da ex-presidente Dilma Rousseff na eleição de 2014, foi confirmado pelo ex-presidente e herdeiro do grupo Marcelo Odebrecht à Justiça Eleitoral nesta quarta-feira (1º). Segundo ele, a remuneração foi por meio de recusos de caixa dois em um acordo com o então ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Marcelo Odebrecht afirmou, no fim do seu depoimento, que não sabia "com certeza" se Dilma ou Temer sabiam das negociações e de "qualquer ilicitude nas doações". A informação foi confirmada à Reuters por uma fonte que teve acesso a trechos das declarações. O primeiro a ser ouvido foi Marcelo Odebrecht, na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), em Curitiba.

Benedicto Barbosa da Silva, ex-presidente da construtora Norberto Odebrecht, e Fernando Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental, darão depoimento na quinta-feira, 2, no Rio de Janeiro. Na segunda-feira, em Brasília, será a vez dos ex-diretores de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho e Alexandrino Alencar deporem.

O relator da ação de investigação judicial eleitoral (AIJE), ministro Herman Benjamin, corregedor-geral da Justiça Eleitoral, estará presente em todas as oitivas. Ao decidir ouvir os delatores, Herman busca robustecer o seu relatório, que já estava em fase final de preparação.

Efeitos

Para advogados com acesso ao caso, esta inclusão tem dois efeitos: as revelações dos delatores podem atingir o presidente Michel Temer, mas o julgamento do caso deve demorar mais para ocorrer na corte eleitoral. Se os delatores forem ouvidos e fizerem observações sobre a campanha do peemedebista, a defesa deverá convocar testemunhas para contrapor o relato.

A reportagem revelou que a Odebrecht contou, no acordo de delação, que repassou, via caixa 2, cerca de R$ 30 milhões para a chapa Dilma-Temer em 2014. Os recursos, segundo os delatores, foram usados para comprar apoio de PRB, PROS, PCdoB, PP e PDT. O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, é citado na delação de Alexandrino como um dos que negociou repasse de R$ 7 milhões do caixa 2 da empresa para o PRB. Pereira nega.

Inicialmente, o ministro Herman Benjamin havia solicitado ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a autorização para ouvir três relatores - Marcelo Odebrecht, Cláudio Melo Filho e Alexandrino Alencar. O próprio Janot, no entanto, sugeriu que fossem ouvidos Benedicto Barbosa da Silva e Fernando Reis, afirmando que eles também relataram fatos relacionados à campanha de 2014.

Defesas

Quando os novos depoimentos foram marcados, a defesa de Dilma Rousseff afirmou que não tem "nada a temer". O Palácio do Planalto disse que não se manifestaria sobre o assunto. A defesa de Michel Temer também não se manifestou sobre o caso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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