R$ 56 milhões

Ministério Público vai averiguar compra de lote pelo ministro da Saúde

Priscila Miranda
Priscila Miranda
Publicado em 22/02/2017 às 3:03
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Barros não declarou compra de R$ 56 milhões de um lote no Paraná / Foto: Agência Brasil

Barros não declarou compra de R$ 56 milhões de um lote no Paraná Foto: Agência Brasil

O Ministério Público do Paraná, na cidade de Marialva, abriu um procedimento preparatório - apuração preliminar que pode ou não dar origem a um inquérito civil - para averiguar a compra de metade de um lote de R$ 56 milhões no município pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), em 2014. 

O foro privilegiado que Barros possui, como ministro, no Supremo Tribunal Federal (STF) para casos criminais não abrange suspeitas sobre improbidade administrativa, que podem ser investigadas na primeira instância do Judiciário.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o ministro declarou à Justiça Eleitoral, no mesmo ano em que teria adquirido o lote, um patrimônio total de R$ 1,8 milhão. Barros alegou que, para fechar o negócio, precisou pegar um empréstimo no valor de de R$ 13 milhões com sua sócia na transação, Paysage, uma empresa do setor imobiliário.

Em nota à Folha, o ministro afirmou que "não há improbidade" na aquisição do imóvel em Marialva. "O acordo entre a prefeitura de Maringá e o Dnit [departamento nacional de trânsito] para a construção do contorno Sul de Maringá foi firmado em 2009, cinco anos antes da compra do terreno. Ou seja, a eventual valorização deste terreno já teria ocorrido. A obra é de interesse coletivo, tendo recebido emendas por vários anos. Finalmente, a construção do contorno Sul de Maringá sequer foi iniciada." 

Para comprar sua parte no lote, Ricardo Barros usou duas empresas, no nome dele e no da mulher. Meses depois, quitou o empréstimo ao repassá-las para a Paysage. A partir da transferência das empresas, Barros passou a aparecer não como proprietário, mas como fiador do negócio.

O terreno, onde será construído um condomínio fechado, passa a cerca de 3 km do traçado de uma rodovia cuja construção, com recursos da União, foi apoiada por Barros e sua mulher, a atual vice-governadora do Paraná Cida Borghetti (PP), ex-deputada. A obra estava orçada em R$ 450 milhões em 2015.

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