Educação

Governo paga youtubers para fazer elogios às mudanças do ensino médio

Cássio Oliveira
Cássio Oliveira
Publicado em 17/02/2017 às 8:38
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 / Foto: Reprodução / YouTube

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O governo Michel Temer pagou R$ 65 mil para o canal do YouTube "Você Sabia"  para realizar uma publicidade disfarçada da reforma do ensino médio. No vídeo, dois jovens falam bem da reforma do ensino médio. Com o título "tudo que você precisa saber sobre o ensino médio", a publicidade já conta com mais de 1,6 milhão de visualizações. "Com esse vídeo você aí deve estar dando pulo de alegria. Se eu tivesse que fazer o ensino médio e soubesse dessa mudança eu ficaria muito feliz", afirma um deles.

Em nenhum momento os apresentadores indicam se tratar de um conteúdo pago. Eles ainda contam que resolveram falar sobre o assunto porque têm notado que há muitas dúvidas sobre o assunto. "A gente achou o tema bastante interessante, uma galera [estava] discutindo nas redes sociais, e então falamos: deixa com nós que a gente explica direitinho", diz um dos jovens.

De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, outros dois canais também foram procurados, mas se recusaram a fazer a publicação. Molo revelou que o conteúdo foi encomenda de sua produtora, a Digital Stars, e que é comum trabalharem com conteúdo patrocinado.

"A gente já ia fazer um vídeo sobre o novo ensino médio. Como recebemos a proposta, decidimos aceitar", explicou o jovem, sem mencionar valores.

MEC disse que o pagamento feito pelo governo foi legal

O Ministério da Educação (MEC) reconheceu o uso do canal para divulgar as medidas da reforma, pois complementa a estratégia de comunicação institucional. Explicou ainda que o contrato foi feito por licitação e o pagamento realizado dentro da normas.

Para melhorar a aceitação da reforma, o ministério reforçou o investimento com publicidade. Segundo a reportagem, gastou R$ 13 milhões de outubro a janeiro. O valor é 51% maior que o mesmo período do ano anterior.

A reforma no ensino médio foi sancionada por meio de uma medida provisória pelo presidente Michel Temer, nesta quinta-feira (16).

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