Brasília

Sessões do impeachment invadiram madrugada, bateram recorde e produziram tumultos

Mariana
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Publicado em 17/04/2016 às 9:33
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A série de nove sessões consecutivas durou quase 43 horas, um recorde para história da Câmara / Foto: Agência Brasil

A série de nove sessões consecutivas durou quase 43 horas, um recorde para história da Câmara Foto: Agência Brasil

As negociações de última hora para tentar barrar ou aprovar a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) deram lugar aos bate bocas e aos tumultos entre deputados federais nas sessões da Câmara reservadas aos discursos individuais e que avançaram a madrugada desde domingo. A série de nove sessões consecutivas durou quase 43 horas, um recorde para história da Câmara, já que foi iniciada às 8h55 de sexta-feira e só terminou às 3h42 deste domingo, a pouco mais de 10 horas antes do início de outra sessão, para votação nominal do pedido.

Por volta das 22h30, ainda na oitava sessão, o primeiro tumulto: o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) assumiu o microfone para falar no lugar de Helio Leite (DEM-PA), que estava inscrito, mas ausente do plenário. Após protestos de parlamentares contrários ao impeachment, Beto Mansur (PRB-SP), que presidia a sessão, cortou a fala de Fraga.

O parlamentar passou então a gritar para deputados governistas. "Vocês estão com medo, são um bando de corruptos", disse, antes de ser rebatido por parlamentares do governo. "Aqui não ganha no grito. Sai da tribuna, golpista", rebateram parlamentares. Fraga desceu, foi a um dos microfones utilizado em apartes e sequer falou. Após críticas de Valdir Prascidelli (PT-SP), ele partiu para cima do petista com o dedo em riste e foi recebido da mesma maneira. Ambos foram separados e o clima se acalmou.

Mansur pediu, sem sucesso, "calma e respeito" aos parlamentares e lembrou que a sessão estava sendo transmitida para todo o País Na sessão seguinte, logo após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deixar o plenário, os deputados Vitor Valim (PMDB-CE) e Sibá Machado (PT-AC) só não brigaram por conta de outros parlamentares e de seguranças, que os separaram.



Após Valim discursar e fazer uma série de ataques aos deputados governistas, Sibá pegou o colega pelo braço e disse: "você vai estar aqui embaixo quando eu falar? Vou lhe dar um pau. O que é isso, chamar de bandido e safado?", explicou o petista. Segundo Sibá, a resposta seria dada em seu discurso e não na forma de violência física. 

Não foi o que imaginou Valim. Ele empurrou o petista e ainda sofreu a mesma reação de Weverton Rocha (PDT-MA), que defendeu Sibá. Segundo Valim, a reação aconteceu porque ele achou que seria agredido. "Isso é uma reação de bandido, típica deles", rebateu o deputado cearense. "Isso não dá (a Sibá) o salvo conduto pra ele vir e tocar nos meus peitos", emendou.

Os ânimos foram acalmados e a sessão seguiu com novos discursos, já presidida por Gilberto Nascimento (PSC-SP). Na tentativa de descontrair os parlamentares, Nascimento arriscou até uma piada, ao chamar o deputado sergipano João Daniel (PT). "Agora vamos ao estado que não tem como vocação ser automóvel, mas ser jipe". Aparentemente, a brincadeira não surtiu o efeito esperado e Nascimento não fez mais piadas até o final da sessão. 

Na sessão de votação, prevista para começar às 14 horas, o primeiro a falar será o relator do pedido, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), com 25 minutos de tempo. Em seguida, haverá o encaminhamento da votação pelas lideranças partidária e, finalmente, a votação nominal e aberta.

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