A ordem agora é destravar as nomeações de segundo e terceiros escalões Foto: Ebc
"O PT vai ter de entender o momento grave e a necessidade de governar em parceria, repartindo espaço com os demais partidos da base aliada", disse ao Estado um dos interlocutores da presidente. Esse mesmo interlocutor lembrou que Dilma foi clara e incisiva ao defender a necessidade de abertura do diálogo com os partidos e avisou que todos os ministros têm de reservar horários em suas agendas para atender os parlamentares. "Esta tem de ser uma regra", insistiu o interlocutor.
O governo tem pressa nesta sinalização, para que todos os aliados tenham certeza de que os compromissos assumidos durante a negociação da reforma ministerial serão cumpridos. Por isso, a coordenação política está agilizando para que, no início da próxima semana, já tenha dados concretos para serem apresentados, criando um clima de mais tranquilidade. A liberação de emendas também é outra exigência dos partidos, que o Planalto sabe que terá de atender.
O PDT, por exemplo, que assumiu o Ministério das Comunicações, já avisou que vai trocar o presidente dos Correios, Wagner Pinheiro de Oliveira, e obteve o aval do Palácio do Planalto para tirar o cargo do petista. O mesmo se repetirá no Ministério da Saúde, que também saiu das mãos do PT, e foi para o PMDB. "Na Saúde, nem a secretária executiva do ministro Chioro atendia os parlamentes, fosse recomendado por quem fosse", lembrou um interlocutor do Planalto, ao se referir a um dos casos mais clássicos de problemas com a base aliada.
A Saúde, com bilionário orçamento, saiu das mãos do petista Arthur Chioro e foi para as mãos do peemedebista Marcelo Castro. Apesar da blindagem que o PT fez na pasta e da resistência em entregar os cargos, o PMDB já colocou seus "tanques" nos corredores para abrir passagem e vários secretários já começaram a ser trocados e estão desocupando suas salas.
Entraves. Neste momento, a promessa é que muitos outros entraves sejam solucionados para resolver problemas com outros partidos também. O PTB, por exemplo, reclama que não conseguiu receber os cargos do Incra e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prometidos, e cujas nomeações estavam embarreiradas. Aguardam ainda a liberação da Superintendência de Seguros Privados (Susep), da Casa da Moeda e do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). O PRB, partido que ocupa o Ministério dos Esportes, com George Hilton, ameaça se rebelar se o PC do B não abrir espaço nos segundo e terceiros escalões para o seu partido ocupe o espaço. A promessa é de o Planalto arbitrar a favor de Hilton.
Da mesma forma, o PP se queixa que não conseguiu assumir, de fato, ainda o Ministério da Integração. E o PSD, por sua vez, reclama que as Cida des não foram entregues a eles, de fato, apesar de Gilberto Kassab estar no posto desde janeiro. Nem mesmo nomeações para as quais havia acordo político, como do Banco da Amazônia (Basa) e Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), estão paradas, assim como algumas vice-presidências da Caixa Econômica Federal.
Um problema que o Planalto vai ter de enfrentar e já foi avisado, é em relação ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), que a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, resiste em entregar nas mãos dos partidos políticos, apesar de acertos políticos para isso.
A ordem agora é destravar as nomeações de segundo e terceiros escalões e acabar o que muitos atribuem ao "passivo Mercadante", sugerindo que o ex-ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante, agora na pasta da Educação, por ser muito minucioso, acabava travando todas as indicações.