Tubarão

Vítima de possível ataque de tubarão em Olinda sabia que corria risco, diz irmão

MARÍLIA BANHOLZER
MARÍLIA BANHOLZER
Publicado em 31/03/2015 às 15:23
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A área onde ocorreu o ataque possui placas de alerta para banhistas e surfistas. Porém, muitas vezes a sinalização é retirada pela população / Foto: Marília Banholzer/NE10

A área onde ocorreu o ataque possui placas de alerta para banhistas e surfistas. Porém, muitas vezes a sinalização é retirada pela população Foto: Marília Banholzer/NE10

O jovem Diego Gomes Mota, 23 anos, vítima de um possível ataque de tubarão na Praia Del Chifre, em Olinda, Grande Recife, por volta das 11h da manhã desta terça-feira (31), sabia que a área onde estava é propensa a ataques de tubarão. "Achávamos que isso nunca aconteceria com a gente", disse o irmão de Diego, Tiago Gomes, 21, que surfava com a vítima no momento do incidente.

De acordo com Tiago, os dois estavam a cerca de 12 metros de distância da orla. “Eu estava um pouco distante do meu irmão. Ouvi o grito e fui socorrê-lo", conta Tiago.  Os dois saíram do mar e Tiago levou o irmão, de moto, para a UPA de Olinda. Ouça entrevista concedida por ele à Rádio Jornal:

O animal atacou a coxa esquerda de Diego. Apesar do susto e do ferimento na perna, o jovem está consciente e não corre risco de morte. Após ser atendido na emergência da UPA, Diego foi transferido para o Hospital Miguel Arraes, onde ficará em observação. O surfista deve receber alta nesta quarta-feira (1º), sem sequelas.

Diego estava surfando na praia, que teve a prática do esporte proibida após três ataques

Diego estava surfando na praia, que teve a prática do esporte proibida após três ataquesFoto: Diego Nigro/JC Imagem

Apesar de Tiago afirmar que o seu irmão chegou a ver o tubarão na água e que a prancha que Diego usava também tem marcas de mordidas, foi solicitada uma perícia do Instituto de Medicina Legal (IML) para confirmar se o ataque foi de tubarão ou de algum outro animal marinho. A prancha usada por Diego, com marcas do suposto ataque, foi encaminhada para análise do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit).

Veja o vídeo em que o Corpo de Bombeiros explica por que há suspeitas de que não tenha sido ataque de tubarão:

O pesquisador do Instituto Propesca Neyff Souza, que visitou Diego ainda na UPA de Olinda e viu o ferimento na coxa esquerda do jovem, explicou que o corte é considerado pequeno em relação a outros ataques de tubarão e por isso provoca dúvida. Porém, após examinar a prancha do surfista, ele acredita, ao contrário dos bombeiros, que trata-se mesmo de um tubarão. “Ele estava sentado na prancha no momento que foi surpreendido pelo animal. Pelo ângulo da mordida, é muito provável que tenha sido realmente um tubarão. Com base nas marcas da prancha,  acredito que o animal deve ter um metro de comprimento”. Animais desse tamanho geralmente são filhotes.

O pesquisador explicou ainda que é difícil identificar a espécie antes de uma análise detalhada, mas como a Praia Del Chifre fica próximo de onde desembocam os rios Capibaribe e Beberibe e as suas águas são turvas, principalmente na época de chuva, existe a possibilidade de o animal ser um tubarão cabeça-chata, que se adapta bem a essa área.

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Marcas na prancha de Diego serão periciadas

Marcas na prancha de Diego serão periciadasFoto: Tiago Gomes/Cortesia

De acordo com o porteiro Edézio Castro, 19, amigo de Diego, ele foi surfar para comemorar o trabalho que começaria nesta quarta (1º), como frentista de um posto de gasolina. "Quando ele gritou, a gente achou que era brincadeira, mas viu boca do bicho mordendo ele", relata.

Segundo Edézio, o grupo sabia que o surf era proibido na área e, mesmo assim, continuava frequentando a praia para praticar o esporte, por ser mais perto da Ilha do Maruim, comunidade onde vivem em Olinda. De acordo com o Corpo de Bombeiros, atualmente são 32 quilômetros de orla com restrição, de parte do Cabo de Santo Agostinho a Olinda.

"Os bombeiros até colocam placa aqui, mas o povo tira", reconhece o porteiro, uma opinião compartilhada por moradores do entorno de Del Chifre. "Acho que agora, depois desse ataque, ele não toma mais nem banho aqui", afirma outro amigo da vítima, o estudante Darley Alves, 19.

ATAQUES - Se for confirmado o ataque desta terça, sobe para 60 o número de ataques no Estado desde 1992, com 24 mortes. O último ataque de tubarão ocorreu na Praia de Boa Viagem, em julho de 2013, e causou a morte da turista paulista Bruna da Silva Gobbi, 18 anos.

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