Alcaçuz

Por telefone, preso de penitenciária do RN faz denúncias e ameaças

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Publicado em 16/01/2017 às 22:26
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O preso, que não teve a identidade revelada, contou que provavelmente há mais mortos dentro do presídio / Foto: AFP

O preso, que não teve a identidade revelada, contou que provavelmente há mais mortos dentro do presídio Foto: AFP

Detentos da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Região Metropolitana de Natal, no Rio Grande do Norte, relataram, na tarde desta segunda-feira (16), a situação do presídio depois da rebelião que resultou na morte de 26 presos no último sábado (14). De acordo com o portal Tribuna do Norte, um dos internos afirmou por telefone à reportagem que o governo do estado suspendeu a alimentação há pelo menos três dias, além do corte no fornecimento de água e luz.

O preso, que não teve a identidade revelada, contou que provavelmente há mais mortos dentro da penitenciária do que o número divulgado. "Provalmente, uns três (depois da chacina do último sábado). Se fizer revista ainda vai ter mais", acredita. Ele ainda contou que os apenados estão munidos com armas, pistolas e coletes à prova de bala, que pertenciam aos agentes penitenciários. O dentento contou à reportagem que o corte de luz não foi provocado pelos internos da unidade.

Antes da transferência de cinco detentos, na tarde desta segunda-feira, para outras unidades prisionais do Rio Grande do Norte, ele fez ameaças dizendo que eles iriam promover novas rebeliões se os pedidos não fossem atendidos. "Quem tem poder para quebrar tudo no estado é nós", afirmou o preso.

Escute a entrevista:

Secretário desmente denúncia dos presos

Wallber Virgolino, titular da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), desmentiu a denúncia da falta de alimentação. Para tomar o controle da penitenciária, ele informou que o fornecimento de alguns serviços básicos foram interrompidos na tarde desta segunda-feira. "Em momento de crise, se atrasa ou suspensem alguns serviços. Logo serão normalizados. Falei com o diretor [penitenciária] e ele desmente a falta de alimentação", contou Virgolino. Equipes da companhia elétrica estiveram no local, segundo ele, para reestabelecer o fornecimento de energia.

De acordo com a Tribuna do Norte, a comunicação entre o detento e a reportagem só foi possível devido ao não funcionamento dos bloqueadores do sinal de celular, desativados pelos próprios presos durante o motim no último sábado. O equipamento funciona na unidade prisional desde o início de dezembro de 2016.

Quase todos os presos assassinados dentro do presídio de Alcaçuz foram decapitados; com exceção de dois carbonizados. "Pela perícia, todos foram decapitados. Um corpo carbonizado não foi possível identificar ainda. Todos ainda tinham marcas de objetos perfuro-cortantes; nenhum aparente com marca de tiro", disse Marcos Brandão, coordenador do Instituto Técnico-Científico de Perícia, ao UOL.

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