Terror

São Petersburgo, na Rússia, amanhece de luto após ataque ao metrô

Priscila Miranda
Priscila Miranda
Publicado em 04/04/2017 às 4:35
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Até o momento ninguém assumiu a responsabilidade pelo ataque / Foto: AFP

Até o momento ninguém assumiu a responsabilidade pelo ataque Foto: AFP

São Petersburgo amanheceu de luto nesta terça-feira (4), com as bandeiras a meio pau, um dia após o ataque ao metrô que deixou 11 mortos e 45 feridos na segunda cidade da Rússia.

O presidente russo, Vladimir Putin, depositou durante a noite um ramo de flores na entrada da estação do Instituto Tecnológico, após participar de uma reunião com representantes dos Serviços de Socorro e do Ministério do Interior.

"O presidente ouviu os relatórios dos serviços especiais", disse seu porta-voz, Dmitri Peskov, às agências russas. O porta-voz acrescentou que o drama apresenta "todos os sinais de um atentado".

Até o momento ninguém assumiu a responsabilidade pelo ataque, mas o grupo Estado Islâmico convocou recentemente ações contra a Rússia como represália por sua intervenção militar na Síria envolvendo os jihadistas.

A explosão ocorreu às 14H40 local (08H40 Brasília), segundo os Serviços Secretos (FSB), quando o metrô circulava entre as estações do Instituto Tecnológico e de Sennaya, uma linha muito frequentada que atravessa o centro da segunda cidade da Rússia.

As primeiras imagens divulgadas nas redes sociais e em emissoras russas mostravam um vagão do metrô destruído pela explosão e inúmeros passageiros que tentavam tirar as vítimas dos escombros.

"Foi aberta uma investigação por 'ato terrorista'", indicou o Comitê de Investigação russo em um comunicado, afirmando que os investigadores examinarão "todas as outras pistas possíveis".

Pouco depois, uma bomba caseira foi "detectada a tempo e neutralizada" em outra estação, Ploshad Vosstaniya, no centro da cidade, anunciou o Comitê antiterrorista.

A Rússia não havia sido atingida tão duramente desde a explosão, em pleno voo, de um avião que fazia a rota entre Egito e Rússia com 224 pessoas a bordo em 31 de outubro de 2015, ataque reivindicado pelo grupo EI.

Desde então, as instáveis repúblicas russas do Cáucaso foram cenário de vários ataques e os Serviços de Segurança russos anunciaram em diversas ocasiões ter desmantelado células extremistas dispostas a cometer atentados em Moscou e em São Petersburgo.

"A explosão aconteceu entre duas estações, mas o maquinista tomou a boa decisão de continuar o caminho até a estação, o que permitiu a ação rápida de evacuação e do socorro às vítimas", declarou em um comunicado uma representante do Comitê de Investigação, Svetlana Petrenko.

"Já não estava dentro, mas vi as pessoas saindo, estavam como surdos, muitos seguravam a cabeça. Os socorristas os atenderam muito rapidamente", contou à AFP Galina Stepanova.

Reações internacionais

As autoridades anunciaram ter reforçado as medidas de segurança no metrô de Moscou e nos aeroportos. Depois de várias horas de fechamento completo, a rede metropolitana de São Petersburgo voltou a funcionar parcialmente durante a noite. Foram decretados três dias de luto pela antiga capital imperial.

"Nossos pensamentos estão dirigidos ao povo russo", escreveu a chefe da Diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, no Twitter. O presidente francês, François Hollande, expressou "sua solidariedade com o povo russo" e a chanceler alemã, Angela Merkel, manifestou seu "horror" diante deste "ato bárbaro".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversou por telefone com Putin para prometer "apoio total" às ações que Moscou adotará após o ataque ao metrô.

"O presidente Trump e o presidente Putin concordaram em que o terrorismo deve ser derrotado rápida e decididamente", revelou a Casa Branca.

"Trump ofereceu o apoio total do governo dos Estados Unidos na resposta ao ataque e para levar os responsáveis à Justiça".

O presidente americano já havia qualificado o ataque de "terrível". "Isto que acontece em todo o mundo é uma coisa absolutamente terrível".

A Rússia se viu afetada em várias ocasiões por atentados em seus transportes públicos. Em 2013, dois atentados suicidas em Volgogrado deixaram 34 mortos, algumas semanas antes dos Jogos Olímpicos de Sochi.

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