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Mestre tibetano deixa celibato para se casar com amiga de infância

Arlene Carvalho
Arlene Carvalho
Publicado em 30/03/2017 às 8:02
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A esposa de Thaye Dorje, Rinchen Yangzom, tem 36 anos e nasceu no Butão. Ela foi criada na Índia e na Europa. / Foto: HO / KARMAPA.ORG / AFP

A esposa de Thaye Dorje, Rinchen Yangzom, tem 36 anos e nasceu no Butão. Ela foi criada na Índia e na Europa. Foto: HO / KARMAPA.ORG / AFP

Um importante mestre tibetano que diz ser um dos líderes espirituais deste ramo do budismo abandonou o celibato para se casar com uma amiga de infância, informou, nesta quinta-feira (30), seu gabinete.

Thaye Dorje, de 33 anos, afirma desde a infância ser uma reencarnação do Karmapa Lama, o líder de uma das quatro principais escolas do budismo tibetano. Mas muitos seguidores da escola de budismo Karma Kagyu consideram como líder outro monge, Urgyen Trinley, que tem o apoio do Dalai Lama.

Esta polêmica, que há muito tempo divide os budistas tibetanos, pode ter sido resolvida com o anúncio de que Thaye Dorje se casou no 25 de março em Nova Deli, em uma cerimônia privada. "Tenho um sentimento muito forte, muito profundo dentro do meu coração, de que a minha decisão de me casar terá um impacto não apenas para mim, mas também para a linhagem", disse Thaye Dorje no comunicado. "Algo bonito, algo que será benéfico para todos nós emergirá", disse.

O gabinete do monge indicou que Thaye Dore seguirá oferecendo ensino e concedendo bênçãos aos seus seguidores. Sua nova esposa, Rinchen Yangzom, de 36 anos, nasceu no Butão e foi criada na Índia e na Europa.

Tradição

Segundo a tradição tibetana, os monges identificam as crianças pequenas como a reencarnação de um líder já falecido. Thaye Dorje nasceu no Tibete e seu pai era um lama importante, e sua mãe provém de um ramo da nobreza tibetana.

Em 2012, disse à AFP que a disputa pelo título de Karmapa era "uma prova do valor de cada um, em termos de sua devoção". Mas o título de Karmapa Lama não é o único que está em disputa. Em 1995, o governo da China, que promove o ateísmo, elegeu uma criança para ser o Panchen Lama, um título que o Dalai Lama já havia atribuído a outro jovem.

Quando Gedhun Choekyi Nyima foi identificado pelo Dalai Lama como a reencarnação do Panchen Lama, a segunda figura de maior importância para os tibetanos, as autoridades chinesas o colocaram sob sua custódia. O décimo Panchen Lama morreu em 1989 depois de manter uma relação tumultuada com os líderes comunistas chineses, que o elogiaram por um tempo, antes de detê-lo.

A questão da nomeação dos lamas tibetanos ganha maior relevância à medida que o Dalai Lama envelhece e abre a possibilidade de que Pequim tente designar seu próprio sucessor.

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