Terrorismo

Londres identifica autor de ataque, reivindicado pelo Estado Islâmico

Ingrid
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Publicado em 23/03/2017 às 14:50
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Um dia após o ataque reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), que deixou três mortos em Londres, além do agressor, a Polícia britânica identificou nesta quinta-feira (23) o autor como Khalid Masood, britânico com antecedentes criminais, mas que estava fora dos radares nos últimos anos.

Masood, nascido em 25 de dezembro de 1964 em Kent, no sudeste da Inglaterra, vivia em West Midlands (centro) e "não era alvo de nenhuma investigação na atualidade e não consta informação anterior sobre sua tentativa de organizar um atentado terrorista", anunciou a Scotland Yard.

Ele era conhecido sob várias identidades, acrescentou a polícia a respeito do homem que lançou na quarta-feira seu veículo contra a multidão na ponte de Westminster, que leva ao Big Ben, matando duas pessoas - um americano de cerca de 50 anos e uma britânica de origem espanhola de 43 - e ferindo dezenas de outras pessoas.

Logo depois, o agressor esfaqueou até a morte um policial após conseguir entrar na área externa do Parlamento, símbolo da democracia britânica, antes de ser morto.

"O autor do ataque diante do Parlamento britânico em Londres é um soldado do EI e a operação foi realizada em resposta a um chamado para atacar os países da coalizão" internacional anti-extremista, indicou nesta quinta-feira a agência de propaganda do EI, Amaq.

Esta é a primeira vez que o EI reivindica um atentado na Grã-Bretanha, que é membro da coalização internacional dirigida pelos Estados Unidos.

A Polícia, que acredita que o homem agiu sozinho, prendeu oito pessoas menos de 24 horas em seis diferentes endereços em Londres, Birmingham e "em outras partes do país".

Masood tinha várias condenações por agressões, incluindo episódios graves, posse de armas e delitos de perturbação da ordem pública, informou a Scotland Yard.

Ele recebeu sua primeira condenação em novembro de de 1983, e a última, por posse de arma leve, em dezembro de 2003, há mais de 13 anos, acrescentou a polícia, que pediu a quem tiver informações sobre ele que comunique às autoridades.

"Há alguns anos ele foi alvo de uma investigação do MI5" (serviço de Inteligência interno) relacionada ao "extremismo violento", explicou a primeira-ministra, Theresa May, diante do Parlamento, acrescentando que na ocasião era "uma pessoa periférica" nessa investigação.

 

'Não temos medo', diz Theresa May


Segundo o jornal The Guardian, Masood não está na lista do MI5 das 3.000 pessoas mais propensas a cometer um ato terrorista. Na tarde desta quinta-feira, informações vindas da Bélgica fizeram temer uma tentativa de ataque semelhante à de Londres na Antuérpia (norte).

As forças de segurança belgas detiveram um motorista por circular em alta velocidade pela principal via comercial da Antuérpia com armas na mala do veículo.

A Procuradoria belga identificou o detido como Mohamed R., um homem de 39 anos de nacionalidade francesa e residente na França, enquanto uma fonte da polícia assegurou que se trata de um tunisiano com visto de residência na França.

Cometido exatamente um ano após os atentados de Bruxelas, que deixaram 32 mortos, o ataque próximo ao Parlamento de Westminster lembra o de Nice (França, 86 mortos) e Berlim (12 mortos), ambos reivindicados em 2016 pelo grupo Estado Islâmico e realizados com veículos.

Determinada a demonstrar sua determinação frente ao ataque mais grave em doze anos no Reino Unido, a Câmara dos Comuns fez um minuto de silêncio antes de retomar os trabalhos na manhã desta quinta-feira. "Não temos medo", disse May em tom de desafio: "Nunca hesitaremos diante do terrorismo".

Ela prestou homenagem ao policial morto, a quem denominou de "herói". Uma arrecadação de fundos na internet já recolheu 100.000 libras para a família do agente.

Niklas Halle'n / AFP
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Daniel Leão olivas / AFP
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James West / Handout / AFP
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Niklas Halle'n / AFP
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O ataque feriu não só o Reino Unido, mas também vários países com suas vítimas


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, postou no Twitter que um "grande americano, Kurt Cochran, foi morto no ataque terrorista de Londres".

Os feridos, entre os quais sete permanecem em estado grave, constituíram também um mosaico de nacionalidades: franceses, sul-coreanos, gregos, um alemão, um polonês, um irlandês, um italiano e um americano, além de britânicos.

Este foi o ataque mais violento no Reino Unido desde os atentados suicidas de 7 de julho de 2005 em Londres, que deixaram 56 mortos, incluindo os quatro homens-bomba.

"Londres já passou por isso e sabe superar o golpe", ressaltou o ministro da Defesa, Michael Fallon. "Os londrinos não vão se deixar intimidar pelo terrorismo", ressaltou o prefeito de Londres, Sadiq Khan. Uma vigília está prevista para esta noite na Trafalgar Square em memória às vítimas.

A área de Westminster, com o Big Ben, a sede do Parlamento e a maioria de ministérios e prédios do governo, é muito procurada por turistas, além do elevado número de funcionários públicos.

O perímetro ao redor do Parlamento permanece, no entanto, isolado e a estação de metrô de Westminster se mantém fechada ao público.

A ponte de Westminster, onde os investigadores continuam trabalhando, também está interditada. A rainha da Inglaterra, Elizabeth II, condenou em um comunicado a "terrível violência" do atentado.

A rainha expressou seus pêsames a "todos aqueles afetados pela terrível violência de ontem", em um comunicado no qual anuncia a suspensão de uma visita ao quartel-general da Polícia em função dos acontecimentos de quarta-feira.

Segundo a Scotland Yard, os serviços britânicos frustraram 13 tentativas de atentado desde junho de 2013 no Reino Unido, onde o nível de alerta terrorista foi mantido em quatro em uma escala de cinco.

A Polícia britânica identificou nesta quinta-feira o autor como Khalid Masood, britânico com antecedentes criminais, mas que estava fora dos radares nos últimos anos. / Foto: ITN / AFP

A Polícia britânica identificou nesta quinta-feira o autor como Khalid Masood, britânico com antecedentes criminais, mas que estava fora dos radares nos últimos anos. Foto: ITN / AFP

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