El Niño Costeiro

Peru tenta se recuperar de danos causados pelas chuva no norte do país

Arlene Carvalho
Arlene Carvalho
Publicado em 19/03/2017 às 16:47
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Desde o começo do ano, o El Niño Costeiro já deixou 72 mortos. / Foto: STR, CELSO ROLDAN / AFP

Desde o começo do ano, o El Niño Costeiro já deixou 72 mortos. Foto: STR, CELSO ROLDAN / AFP

O Peru tentava se recompor, neste domingo (19), dos estragos causados em sua costa pelos deslizamentos de terra e pedras, assim como pelo transbordamento dos rios que, após atingirem a capital, afetavam novamente o norte, inundando cidades e bloqueando estradas.

No sábado (18), uma forte cheia - a quinta dos últimos dias - chegou à cidade de Trujillo. Os "huaicos", como são conhecidas no Peru as avalanches após fortes chuvas e transbordamento dos rios, voltaram a deixar as ruas da cidade cheias de lama e complicaram a operação no aeroporto local.

 

"Estou há mais de cinco dias preso em Trujillo. Minha família vive em uma zona de Lima afetada pelos 'huaicos', mas não tenho comunicação. Somos 500 pessoas presas aqui. Não podemos viajar. Só podemos esperar, não há outra alternativa", disse à rádio RPP o passageiro Ernesto Álvarez. As chuvas tampouco paravam no norte. Em Piura, as ruas voltavam a ficar alagadas com a passagem do El Niño Costeiro.

O último informe do Centro de Operações de Emergência Nacional (CEO) do Ministério da Defesa reporta 75 mortos pelas inundações desde janeiro. Foram registrados 99.475 desalojados e 626.928 afetados. A ajuda humanitária é arrecadada pelo governo e por instituições privadas e enviada por meio de aviões e barcos. "Esta crise vai passar e enquanto isso devemos nos ajudar e nos solidarizar com as vítimas desses problemas", disse o presidente, Pedro Pablo Kuczynski.

As chuvas deixaram a cidade de Huarmey submersa, com relatos de alagamentos de mais de um metro de altura. O prefeito de Huarmey, Miguel Sotelo, irrompeu em uma coletiva de imprensa do presidente na noite de sexta-feira para pedir ajuda. "Meu povoado está inundado. Três dias e já estamos debaixo d'água. Não há luz, nem comida. Por favor, o leito do rio passa pelo meu povoado. Peço, com respeito, cinco caminhões e duas escavadeiras para cortar o rio e não entrar no meu povoado", suplicou.

O governo assegurou que estava resolvendo o problema. "Em Huarmey e Casma tivemos três pontes destruídas e recuperamos a conexão", explicou o ministro dos Transportes, Martín Vizacarra. Na noite de sábado, foi reportada a queda da ponte Virú, que liga Trujillo a Lima. "A ponte caiu, é a via que une o norte do Peru com Lima. Este é um pedido de ajuda", disse à imprensa o prefeito de Virú, Ney Gamez.

Vizcarra informou que estavam sendo levadas estruturas para recuperar a conexão com o norte do país em 24 horas. Os alimentos e a água potável estão acabando em Lima e no norte do Peru. Nos supermercados e lojas não uma só garrafa de água, pois todas foram vendidas. De madrugada é possível ver longas filas se formando nas ruas e parques à espera da chegada dos caminhões-pipa.

Governo

A aprovação de Kuczynski caiu para 32% em março, seis pontos percentuais a menos do que em fevereiro, afetada pelos efeitos do "El Niño Costeiro", segundo uma pesquisa do Ipsos Peru, publicada no jornal El Comercio neste domingo. A desaprovação do presidente ficou em 58%, enquanto 10% preferem não opinar, segundo a pesquisa realizada com 1.250 pessoas entre 15 e 17 de março em nível nacional, com uma margem de erro de +/- 2,8%.

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