Saúde

Hospital da Inglaterra é autorizado a criar bebê de 'três pais'

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 16/03/2017 às 21:23
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O Reino Unido se tornou, no ano passado, o primeiro país do mundo a oferecer a técnica de fertilidade / Foto: Reprodução

O Reino Unido se tornou, no ano passado, o primeiro país do mundo a oferecer a técnica de fertilidade Foto: Reprodução

Um hospital inglês se tornou na quinta-feira (16) o primeiro da nação a obter autorização para usar a técnica de fertilidade que envolve três progenitores, a fim de prevenir doenças hereditárias.

O Reino Unido se tornou, no ano passado, o primeiro país do mundo a oferecer legalmente tal tratamento, depois que o parlamento aprovou a legislação em dezembro.

Médicos do Centro de Fertilidade Newcastle, no nordeste da Inglaterra, no entanto, não poderão avançar com a técnica até que um pedido de um paciente individual tenha sido aprovado.

"Esta decisão representa o ponto alto de muitos anos de trabalho duro de pesquisadores, especialistas clínicos e reguladores", disse Sally Cheshire, chefe da Autoridade de Fertilização Humana e Embriologia (HFEA).

"Os pacientes agora poderão se candidatar individualmente ao HFEA para serem submetidos a um tratamento de doação mitocondrial em Newcastle, que será uma mudança de vida para eles, conforme procuram evitar transmitir doenças genéticas graves para as gerações futuras".

Legisladores britânicos votaram em 2016 a favor do tratamento, no qual o DNA da mãe, do pai e de uma doadora são combinados para criar um bebê.

Mitocôndrias são estruturas nas células que geram energia vital e contêm seu próprio conjunto de genes, chamados mDNA, que é passado através da mãe.

As doenças mitocondriais causam sintomas que variam de problemas de visão a diabetes, e as autoridades de saúde estimam que cerca de 125 bebês nascem com tais mutações no Reino Unido todos os anos.

O primeiro bebê concebido usando a doação mitocondrial nasceu em 2016 no México, onde não há regras sobre o uso do procedimento, mas o Reino Unido é o primeiro país a autorizá-lo oficialmente.

Cerca de 3 mil famílias britânicas poderiam se beneficiar desse tratamento, mas Cheshire disse que acredita que "muitos não se apresentarão".

Tratamento controverso 

O tratamento permanece controverso no Reino Unido e em outros países.

A Igreja Católica Romana se opõe ao tratamento, indicando que isso envolveria a destruição de embriões humanos como parte do processo, enquanto a Igreja da Inglaterra disse que as preocupações éticas "não foram suficientemente exploradas".

A clínica de Newcastle declarou que está "muito feliz".

"Este anúncio dá uma esperança (...), conforme todos nós nos esforçamos para ajudar essas mulheres", disse Meenakshi Choudhary, ginecologista consultora na clínica.

Adam Balen, presidente da Sociedade de Fertilidade Britânica, avaliou que foi "um passo histórico para erradicar as doenças genéticas".

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