Guerra

Conflito na Síria completa 6 anos

Arlene Carvalho
Arlene Carvalho
Publicado em 15/03/2017 às 9:59
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No aniversário da guerra, dois atentados já foram registrados em Damasco, capital Síria. / Foto: STRINGER / AFP

No aniversário da guerra, dois atentados já foram registrados em Damasco, capital Síria. Foto: STRINGER / AFP

O conflito sírio teve início em 15 de março de 2011 com protestos pacíficos que foram reprimidos com violência e não tardaram em se transformar em uma insurreição contra o regime do presidente Bashar al-Assad. 

Com o passar do tempo, o conflito se tornou cada vez mais complexo, com o envolvimento de extremistas islâmicos e a intervenção de potências regionais e internacionais. Em seis anos, a guerra fez mais de 320.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados.

Revolta e repressão

Em 15 de março de 2011, em Damasco, manifestações por "uma Síria sem tirania". Violenta repressão dos protestos na capital e em Deraa, berço da rebelião no sul do país. O regime denuncia uma "rebelião armada de grupos salafistas".

Em 23 de março, a repressão em Deraa deixa pelo menos 100 mortos, segundo testemunhas e ativistas de direitos humanos. Os protestos haviam começado com a prisão de estudantes suspeitos de terem feito pichações.

Em abril, a contestação se estende e se radicaliza, com apelos à queda do regime de Bashar al-Assad,cuja família governa o país com mão de ferro há 40 anos.

Em julho, um coronel refugiado na Turquia cria o Exército Sírio Livre (ESL), integrado principalmente por civis e desertores. Grupos de tendência islamita aderam à rebelião.

A aviação, âncora do regime

Em 1º de março de 2012, o exército toma o bairro de Baba Amr, reduto da rebelião em Homs (centro), após um mês de conflitos e bombardeios, com centenas de mortos, segundo organizações não governamentais.

Em 17 de julho, o ESL lança a batalha de Damasco. O governo mantém o controle da capital, mas algumas periferias passam ao controle rebelde. Em agosto, entram em ação as armas pesadas, entre elas aviões bombardeiros. E a partir de 2013, helicópteros e aviões do regime passam a lançar de forma regular barris de explosivos contra os bairros rebeldes no país.

Irã e Hezbollah no jogo

Em 14 de fevereiro, os Guardiões da Revolução, força de elite do regime iraniano, anunciam a morte de um de seus comandantes pelos rebeldes sírios. O chefe dos Guardiões já havia admitido em setembro que tinha enviado "assessores" militares à Síria. Em abril de 2013, o chefe do Hezbollah libanês, aliado do Irã, reconhece o envolvimento de seus combatentes ao lado do regime. O Irã xiita é o principal aliado do regime de Assad.

Armas químicas

Em 21 de agosto, o regime lança ofensivas contra duas zonas controladas pelos rebeldes perto de Damasco. A oposição e os países ocidentais acusam o regime de ter feito centenas de vítimas com gases tóxicos. Os Estados Unidos evocam um número de ao menos 1.429 mortos, incluindo 426 crianças. Em setembro, um acordo entre Rússia e Estados Unidos para desmantelar o arsenal químico sírio antes de meados de 2014 freia um iminente bombardeio norte-americano em resposta aos ataques com gases tóxicos.

Crescimento dos extremistas islâmicos

Em 2014, o grupo extremista Estado Islâmico (EI) assume o controle de vastas regiões no norte do país, eclipsando a rebelião. Raqa se torna seu reduto. Desde 2013, extremistas islâmicos, principalmente da Frente al-Nusra (posteriormente rebatizada de Fateh al-Sham), reforçaram sua presença no norte.

Ataques internacionais

Em setembro de 2014, Barack Obama estabelece uma coalizão internacional contra o EI. Os curdos da Síria, que desde 2013 estabeleceram uma administração autônoma em zonas do norte do país, assumem o controle, com o apoio dos ataques da coalizão, regiões estratégicas das mãos do EI, incluindo Kobane, em 2015.

Moscou socorre Damasco

Em 30 de setembro de 2015, a Rússia inicia uma campanha de ataques aéreos, afirmando visar grupos "terroristas", incluindo o EI. Mas os rebeldes e o Ocidente acusam Moscou de atacar os grupos rebeldes, principalmente moderados. Estas ataques ajudam o regime, então em grande dificuldades, a recuperar terreno.

Intervenção turca

Em 24 de outubro de 2016, a Turquia, que apoia a rebelião, lança uma operação do outro lado de sua fronteira para expulsar o EI, mas também as milícias curdas.

Retomada de Aleppo

Em 22 de dezembro de 2016, após um cerco sufocante aos bairros rebeldes de Aleppo e uma ofensiva devastadora, o regime reassume o controle total da segunda maior cidade do país. Milhares de rebeldes e civis são evacuados sob um acordo patrocinado pelo Irã, Rússia e Turquia. Em 30 de dezembro, um cessar-fogo entra em vigor, em virtude de um acordo russo-turco, sem os Estados Unidos.

Radicais pressionados

Raqa, principal reduto do EI na Síria, passa a ser visado a partir de novembro de 2016 por uma ofensiva de uma aliança curo-árabe apoiada por Washington, as Forças Democráticas Sírias (FDS). A Turquia, hostil aos curdos, opõem-se a retomada de de Raqa pelas FDS. O regime sírio também anunciar que a retomada de Raqa é sua prioridade.

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