May explicou nesta terça-feira aos deputados que após a autorização do Parlamento no dia anterior ela agora aguarda a aprovação da rainha, uma formalidade que deve ocorrer "nos próximos dias". Foto: HO / AFP
- Com Brexit, centenas de europeus reclamam seus direitos no Reino Unido
- UE pede que seja aberto um novo capítulo depois do Brexit
- Revolta dos Lordes: aprovada proteção de direitos europeus após Brexit
A primeira-ministra britânica, Theresa May, informará ao Parlamento sobre o início do Brexit até o final de março, mesmo que a saída da União Europeia tenha sido ofuscada pelo pedido escocês para um novo referendo sobre a independência.
Numa posição desconfortável após esta solicitação, May explicou nesta terça-feira aos deputados que após a autorização do Parlamento no dia anterior ela agora aguarda a aprovação da rainha, uma formalidade que deve ocorrer "nos próximos dias".
"Voltarei a esta sala antes do final do mês para notificar minha decisão depois de já ter iniciado formalmente o artigo 50" do Tratado de Lisboa, que irá lançar oficialmente o processo de divórcio, acrescentou.
"A nova relação será positiva para todo o Reino Unido", garantiu, enfatizando a palavra "todo", dirigindo-se aos membros do partido separatista escocês SNP. A líder do movimento, a primeira-ministra escocesa Nicola Sturgeon, anunciou na segunda-feira que pedirá um novo referendo sobre a independência da Escócia no final de 2018 ou início de 2019.
Sturgeon afirmou que pedirá na próxima semana ao Parlamento regional escocês a autorização para obter o acordo do governo britânico para iniciar o processo. Tal consulta exige o acordo do governo britânico e um voto parlamentar de Westminster.
Nesta terça, alertou Londres contra toda tentativa de bloqueio, afirmando que cabe ao Parlamento escocês determinar "quando" acontecerá.
- Nova batalha
Theresa May novamente denunciou um projeto que "cria incerteza num momento em que o país deveria se unir". "A independência não significa adesão à União Europeia", alertou.
Se ela tem o poder de rejeitar o referendo, esta posição seria politicamente difícil de manter, podendo atiçar ainda mais a chama da independência.
Sturgeon justificou o seu pedido pela "intransigência" do governo britânico às exigências da Escócia para o Brexit, especialmente porque querem permanecer no mercado único europeu. Mas May quer um Brexit claro, envolvendo a saída do mercado único, a fim de recuperar o controle da imigração.
"É claro que o Reino Unido está cada vez mais dividido", ressaltou nesta terça-feira o chefe do PPE (direita) no Parlamento Europeu, Manfred Weber. "May não conseguiu unir o país", observou ele, levantando a questão da Irlanda do Norte, onde a população também votou contra o Brexit.
Nesta província britânica, marcada por uma história de violência, os nacionalistas do Sinn Fein tiveram um crescimento o significativo nas eleições legislativas antecipadas no início de março.
Seguindo os passos de Nicola Sturgeon, pediram a realização de um referendo de união com a República da Irlanda "o mais rápido possível."