Direitos delas

Dia Internacional da Mulher marcado por manifestações em todo mundo

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 08/03/2017 às 18:15
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Nos EUA, o movimento da "Marcha das mulheres" pediu uma "dia sem mulheres" em 8 de março / Foto: AFP

Nos EUA, o movimento da "Marcha das mulheres" pediu uma "dia sem mulheres" em 8 de março Foto: AFP

Uma manifestação feminista em frente ao Kremlin, ramos de mimosas nas ruas da Itália ou ainda um "dia sem mulheres" nos Estados Unidos: o dia internacional dos direitos das mulheres foi celebrado de diversas maneiras nesta quarta-feira (8) em todo o mundo.

Em Moscou, um grupo de feministas foi brevemente detido depois de protestar em frente ao Kremlin para exigir mais direitos para as mulheres na Rússia, onde esta festa está mais associado à feminilidade do que à luta pela igualdade de gêneros. Também é costume oferecer flores para as mães, esposas, amigas e colegas.

"O feminismo é a nossa ideia nacional", declarava uma faixa segurada por duas militantes que subiram na varanda de uma das torres do Kremlin.

Em Kiev, cerca de mil pessoas também marcharam pedindo um retorno às origens feministas do dia das mulheres, que permanece, desde os tempos soviéticos, sendo uma das principais comemorações  na maioria das ex-repúblicas soviéticas.

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'Dia sem mulheres'

Nos Estados Unidos, o movimento da "Marcha das mulheres", organizado no dia seguinte à posse do presidente Donald Trump em janeiro, pediu uma "dia sem mulheres" em 8 de março. Em Washington, muitas escolheram ir trabalhar, mas usando roupas vermelhas em apoio ao movimento.

No entanto, esta chamada à greve no trabalho e em casa teve grande aderência em Alexandria, na Virgínia, sendo a cidade forçada a fechar todas as suas escolas.

Donald Trump declarou na terça-feira o seu "enorme respeito" pelas mulheres e elogiou o seu "papel crucial (...) nos Estados Unidos e em todo o mundo". Mas as mensagens do presidente dos Estados Unidos no Twitter provocaram reações indignadas na rede social, onde os usuários lembraram suas declarações misóginas, as acusações de agressão sexual, e sua postura controversa sobre o aborto.

Nas ruas de Roma, ramos e guirlandas de mimosa triunfaram em frente ao palácio presidencial: estes botões amarelos foram escolhidos pelas mulheres italianas em 1946 como um símbolo do dia 8 de março.

A cidade australiana de Melbourne escolheu substituir os bonecos de neve tradicionais em dez semáforos por personagens femininas.

Contra as violências

Em Daca, capital do Bangladesh, quinze sobreviventes de ataques com ácido desfilaram numa passarela durante um desfile de moda, numa iniciativa para denunciar a discriminação enfrentada pelas vítimas dessas agressões nesta sociedade conservadora.

Em Nova Deli, dezenas de jovens mulheres vestidas de branco participaram de uma demonstração de autodefesa: combate corpo a corpo com um agressor ou ainda um bloco de concreto quebrado com um soco.

Em Madri, milhares de pessoas se manifestaram dando especial ênfase para as vítimas da violência doméstica, constatou a AFP.

Cerca de 10 mil manifestantes, segundo estimativa da AFP, foram à Praça de Cibeles, em frente à Prefeitura, com cartazes com lemas como "Danos trabalhistas, não", "Justiça" e "Caladinha NÃO está mais bonita". Também cantavam frases como "Não estamos todas, viva queremos ficar".

Também foram convocadas manifestações em mais de 40 cidades do país, entre elas Barcelona, Alicante, Valencia, Granada e Bilbáo.

A Prefeitura de Madri é comandada por uma mulher, a esquerdista Manuela Carmena, que em um vídeo gravado com Ada Colau, prefeita de Barcelona, estimulou que protestassem como parte dessa "luta contra a violência".

Em vários países latino-americanos, como Argentina, Guatemala, Brasil e Uruguai, manifestações contra a violência machista estavam planejadas para o final do dia. Nesta região, vários casos de assassinatos brutais fizeram com que milhares de mulheres saíssem às ruas nos últimos meses, marcando uma nova consciência, especialmente graças as redes sociais.

No Brasil, o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro Antonio Carlos Jobim mudou simbolicamente o nome, adotando por dez dias o nome de Maria da Penha. Outra iniciativa, dois voos da companhia aérea GOL voaram com uma tripulação completamente feminina.

Em Paris, a Aliança das Mulheres para a Democracia e as Edições para Mulheres lançaram um apelo para dedicar o 8 de março à romancista turca Asli Erdogan, que enfrenta uma sentença de prisão perpétua.

Proibida de sair do país enquanto aguarda a terceira audiência de seu julgamento por pertencer a uma "organização terrorista" por causa de seus escritos em um jornal pró-curdo, a romancista completa 50 anos nesta quarta-feira.

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