Oriente Médio

Milhares de civis fogem dos combates no Iraque e na Síria

Ingrid
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Publicado em 05/03/2017 às 18:57
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Na província de Aleppo, norte da Síria, foram 66 mil pessoas que fogem dos recentes combates em várias frentes de batalha, informou a ONU. / Foto: Delil Souleiman / AFP

Na província de Aleppo, norte da Síria, foram 66 mil pessoas que fogem dos recentes combates em várias frentes de batalha, informou a ONU. Foto: Delil Souleiman / AFP

A intensificação dos combates na cidade iraquiana de Mossul e no norte da Síria provocou o êxodo de milhares de civis, agravando assim a situação humanitária nesses dois países.

Mais de 45.000 pessoas fugiram desde o início da ofensiva das forças iraquianas para retomar a parte oeste de Mossul dos integrantes do grupo Estado Islâmico (EI), conforme informou neste domingo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Muitos deslocados chegados desde 19 de fevereiro aos campos de acolhida dos arredores de Mossul, a segunda cidade mais importante do Iraque.

As forças iraquianas lançaram em 19 de fevereiro uma operação no setor ocidental de Mossul a fim de retomar totalmente do EI seu maior reduto no Iraque, dentro da vasta ofensiva iniciada em 17 de outubro.

Na província de Aleppo, norte da Síria, foram 66 mil pessoas que fogem dos recentes combates em várias frentes de batalha, informou a ONU.

"Esta cifra inclui cerca de 40.000 pessoas deslocadas de Al Bab e da vizinha cidade de Tadef e outras 26.000 procedentes das localidades do leste de Al Bab", assinalou o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA).

Al Bab era um importante reduto do grupo Estado Islâmico no norte da Síria, que foi reconquistado pelas forças turcas e grupos rebeldes sírios aliados, em 23 de fevereiro, depois de semanas de intensos enfrentamentos.

As tropas do regime de Bashar al Assad, apoiadas pela aviação russa, também realizam desde janeiro uma ofensiva para expulsar os extremistas do EI do sudeste da província de Aleppo.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) informou no sábado que milhares de civis fugiam dos ataques aéreos e dos bombardeios no norte do país.

"Há uma semana, mais de 30.000 civis - em sua maioria mulheres e crianças - fugiram", informou o OSDH, acrescentando que o Exército retomou várias aldeias do EI no leste da província de Aleppo.

"Abandonamos nossas casas com as mãos vazias, e nossos filhos estão morrendo de fome", queixou-se Jumana, uma síria de 25 anos, acompanhada por seus dois filhos.

"O Dáesh (acrônimo árabe do EI) dispara contra nós, os aviões nos bombardeiam. Nossos filhos estão horrorizados. Não tem quem nos salve", acrescenta a habitante de um povoado a 18 km da cidade de Manbij, o objetivo de muitos dos deslocados.

Em meio aos combates, dois atentados reinvidados pelo EI mataram 15 pessoas neste domingo em Aleppo, segundo o OSDH.

Um terrorista explodiu seu carro perto da localidade de Deir Hafer, em mãos do EI, matando oito membros das forças do regime. Deir Hafer está situada na rota que une a cidade de Aleppo com Al Jafsa. No segundo ataque, um combatente do EI explodiu seu cinturão na cidade rebelde de Azaz, matando sete combatentes e ferindo vários.

Por outro lado, os bombardeios aéreos deste domingo deixaram sei mortos - cinco membros de uma mesma família - e vinte feridos  na província de Idlib.

O conflito na Síria, que em meados de março entrará em seu sétimo ano, deixou mais de 310.000 mortos e milhões de deslocados.

Já em Mossul, muitos se refugiam nos campos de acolhida nos arredores da cidade, mas correndo o risco de virar alvo dos franco-atiradores emboscados do EI ou de serem vítimas dos explosivos disseminados pelos extremistas. O ministro iraqiano dos Deslocados e da Migracão classificou na véspera de "claramente insuficiente" o trabalho das agências da ONU para socorrer os refugiados.

No entanto, o número de deslocados é inferior aos temores iniciais da ONU, que temiam um êxodo em massa de um milhão de  habitantes de Mossul.

A OIM avalia que 200.000 fugiram dos combates em Mossul desde outubro passado, mas milhares voltaram para casa depois que a parte oriental da cidade foi reconquistada pelas forcas iraquianas em janeiro.

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