Brexit

UE pede que seja aberto um novo capítulo depois do Brexit

Arlene Carvalho
Arlene Carvalho
Publicado em 01/03/2017 às 12:04
Leitura:

O divórcio entre o Reino Unido e a UE deve durar dois anos. / Foto: JUSTIN TALLIS / AFP

O divórcio entre o Reino Unido e a UE deve durar dois anos. Foto: JUSTIN TALLIS / AFP

A União Europeia deve abrir um novo capítulo em sua história depois do futuro divórcio com o Reino Unido, afirmou nesta quarta-feira (1º) o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Ele também pediu aos 27 países da união que mostrem "unidade e liderança".

Em um "Livro Branco", propôs cinco cenários, que vão desde uma Europa contentando-se meramente em ser um mercado único a uma União Europeia muito mais integrada, passando por uma Europa "em várias velocidades".

O chefe do executivo da UE não expressa preferência oficial em seu documento  de trinta páginas, mas apela aos países da UE a desenhá-lo para se preparar para a cúpula de 25 de março, em Roma, por ocasião dos 60 anos do tratado fundador da União.

"Roma deve ser o início de um novo capítulo", afirma Juncker em seu "Livro Branco". "Uma Europa unida de 27 deve assumir o controle de seu destino e desenvolver uma visão para o seu futuro", acrescenta.

Sua "contribuição" enumera cinco pistas diferentes. Uma sugere que a Europa "reoriente-se" no mercado único, levando em conta o fato de que os 27 "não são capazes de encontrar um terreno comum em um número crescente de áreas."

Várias velocidades

Outra propõe "fazer muito mais juntos", estendendo a divisão de poderes entre os 27 e acelerando a tomada de decisões da UE.

Entre essas duas opções, faixas intermediárias são desenhadas, como a de uma Europa a várias velocidades, "onde aqueles que querem mais fazem mais" em conjunto em áreas como a defesa, por exemplo, sem ser bloqueados por aqueles mais reticentes.

A Comissão escolheu não detalhar nesta fase cada cenário, desejando inicialmente gerar debate, que deseja ver progredir este ano com vista para as eleições europeias de junho de 2019.

"Antes de novembro ou dezembro deste ano, poucas coisas poderão ser decididas por causa das eleições na França e na Alemanha", comentou à AFP Janis Emmanouilidis, do Centro de Política Europeia, um think tank com sede em Bruxelas.

Então, "vai depender da capacidade de Paris e Berlim de encontrar um consenso que não seria apenas o menor denominador comum" sobre o futuro da UE, acredita.

Cúpula pós-Brexit

Nos últimos dias, Juncker defendeu publicamente uma Europa que assume avançar em "várias velocidades" para superar a oposição que bloqueiam muito frequentemente alguns projetos.

"Os húngaros e poloneses querem exatamente a mesma coisa que os alemães ou franceses? Eu tenho grandes dúvidas", frisou no início de fevereiro, em uma entrevista com uma rádio alemã, apontando o fosso crescente entre alguns países do Leste e do Oeste europeu.

A chanceler alemã, Angela Merkel, também tem defendido que alguns países europeus avancem em pequenos grupos em determinadas áreas, uma opinião compartilhada pelo presidente francês, François Hollande.

Os dois líderes planejam se encontrar no dia 6 de março, em Versailles, para discutir a sua visão sobre o futuro da UE com os chefes dos governos espanhol e italiano, Mariano Rajoy e Paolo Gentiloni.

Depois de uma reunião de cúpula da UE prevista para os dias  9 e 10 de março em Bruxelas e uma em Roma em 25 de março, os líderes dos países da UE planejam uma outra reunião em 6 de abril, mas desta vez para os 27, disseram fontes da UE à AFP.

Isto se Londres iniciar, como planejado, em março, o processo de divórcio com a UE, definindo as "diretrizes" para as condições das negociações na a saída do Reino Unido, que deve durar dois anos.

Mais lidas