Salvamento

Itália: 3 cães são resgatados em hotel atingido por avalanche

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 23/01/2017 às 20:26
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Ao menos três filhotes de cão foram resgatados dos escombros devastado por uma avalanche na Itália / Foto: AFP

Ao menos três filhotes de cão foram resgatados dos escombros devastado por uma avalanche na Itália Foto: AFP

  O resgate de três filhotes de cães dos escombros do hotel devastado por uma avalanche na Itália renovou, nesta segunda-feira (23), as esperanças dos socorristas, enquanto o país se questionava se a catástrofe, que deixou 7 mortos e 22 desaparecidos, poderia ter sido evitada.

"Este é um sinal de vida importante que nos dá esperança", declarou à imprensa o bombeiro Fabio Jerman, após o resgate dos três cãezinhos, filhotes da raça Pastor Maremano Abruzês, cujos pais haviam sido encontrados ilesos na quinta-feira, a 4 km do hotel.

Em outro esforço para tentar encontrar sobreviventes, cinco dias após a tragédia, as equipes de resgate começaram a cavar novos pescoços de acesso na neve.

"Estamos lutando contra o tempo, estamos conscientes de que devemos ir rápido. Mas a operação ocorre em um contexto desfavorável", reconheceu o porta-voz dos bombeiros, Luca Cari.

Poucas horas depois, os bombeiros anunciaram ter encontrado o cadáver de uma mulher dentro da estrutura soterrada, elevando a sete o número de vítimas fatais da tragédia.

Na sexta-feira, as equipes de resgate encontraram nove sobreviventes, que relataram as 48 horas no escuro, frio e silêncio, comendo a neve para saciar a sede.

Mas as buscas avançam lentamente, muitas vezes com as mãos por medo de deslizamentos de terra no interior do edifício que a avalanche atingiu com a força de 4 mil caminhões a toda velocidade, segundo estimativas.

Um radar especial foi instalado na montanha para tentar comunicar com antecedência qualquer nova avalanche.

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'Falta de eficácia'

Uma investigação judicial por homicídio foi aberta na quinta-feira, a fim de estabelecer potenciais responsabilidades, lembrou nesta segunda-feira em coletiva de imprensa a procuradora de Pescara, Christina Tedeschini.

"A investigação ainda está no início", avisou, observando que incidiria sobre a abertura e gestão do hotel, manutenção dos acessos ao estabelecimento e organização do socorro.

A procuradora apontou "uma falta de eficácia e interferências" nas comunicações no dia da tragédia, mas disse que era muito cedo para dizer que uma melhor organização poderia ter salvado vidas.

Ex-refúgio, o hotel foi inaugurado em 1972 antes de ser transformado há 10 anos em um elegante hotel 4 estrelas, uma reestruturação que foi alvo de um inquérito judicial arquivado em novembro.

"Em 70 anos, a possibilidade de uma avalanche nunca foi levada em consideração", garantiu à imprensa Massimiliano Giancaterino, ex-prefeito de Farindola cujo irmão morreu na avalanche.

A área não era considerada de risco, confirmou à imprensa Francesco Peduto, presidente do Conselho Nacional de Geólogos.

Duas horas antes da tragédia, o gerente do hotel havia pedido uma intervenção por parte das autoridades em um email descrevendo uma situação "preocupante": 2 metros de neve em torno do hotel, corte de eletricidade e telefone, clientes aterrorizados pelo terremoto na manhã.

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Pedido de ajuda

Mas o email não fala de risco de avalanche, e nesse dia as autoridades estavam ocupadas ??em toda a região: centenas de pessoas isoladas do mundo por causa das nevascas históricas, circulação de trens interrompida, milhares de casas sem eletricidade... e quatro terremotos de magnitude superior a 5.

Nesta segunda-feira, mais de 8 mil pessoas, incluindo milhares de soldados, seguiam mobilizados no centro da Itália para evacuar os moradores de áreas de risco, abastecer zonas isoladas e restabelecer a eletricidade, telefone ou gás.

O primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, fez um apelo no domingo à noite, pedindo para que se evite uma caça a "bodes expiatórios": "A verdade deve ser usada para melhorar o funcionamento das coisas, não para acertar as contas".

Mas para os bombeiros que encontraram na sexta-feira três crianças milagrosamente poupadas na sala de bilhar do hotel estes debates permanecem distantes.

"Fizemos os três terremotos, de Amatrice (24 de agosto), Camerino (26 de outubro) e Norcia (31 de outubro). Encontramos apenas mortos", disse um deles, Marco Filabozzi, citado pela imprensa.

"Quando quebramos o painel de madeira e vimos estas três crianças abraçadas, nos olhamos e imediatamente compreendemos: esses anjos valeram por todos mortos", acrescentou.

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