Véspera da posse

EUA: escolhas de Trump para gabinete ainda não concluíram avaliações éticas

Maria Luisa Ferro
Maria Luisa Ferro
Publicado em 07/01/2017 às 14:50
Leitura:

Trump toma posse como presidente dos Estados Unidos no próximo dia 20 / Foto: AFP

Trump toma posse como presidente dos Estados Unidos no próximo dia 20 Foto: AFP

Várias das escolhas do presidente eleito Donald Trump para compor seu gabinete não concluíram o procedimento completo para avaliar se há conflitos de interesse, segundo o escritório de ética do governo. Enquanto isso, os senadores republicanos tentam agilizar a realização de pelo menos nove audiências de confirmação na próxima semana.

Em uma carta aos líderes do Senado, o diretor do Departamento de Ética Governamental (OGE, na sigla em inglês) descreveu o status atual de vários candidatos, alguns dos quais são bilionários e milionários, no processo de avaliação, e expressou preocupação com a falta de avaliações éticas dias antes das datas marcadas para audiências do comitê.

A Associated Press obteve uma cópia da carta de Walter Shaub. "Durante a transição presidencial, nem todos os candidatos com audiências marcadas concluíram o processo de revisão ética. De fato, a OGE ainda não recebeu relatórios iniciais de divulgação de informações financeiras para alguns dos nomeados", escreveu Shaub ao líder do Partido Democrata do Senado, Chuck Schumer, e à senadora Elizabeth Warren, do mesmo partido. Uma cópia da carta também foi entregue ao líder do Partido Republicano no Senado, Mitch McConnell.

Os republicanos têm a intenção de obter as confirmações para o máximo de escolhas de Trump o mais rápido possível, para que sua equipe esteja pronta logo após o presidente eleito tomar posse do cargo, no próximo dia 20. Os democratas alegam que os republicanos estão apressando o processo e que faltam informações sobre alguns dos membros escolhidos.

Schumer disse, em um comunicado divulgado hoje, que a carta "deixa clara que existe um conluio da equipe de transição com os republicanos do Senado para interferir na confirmação dos nomes antes de serem completamente investigados, algo que não tem precedentes".

Os formulários em questão são compostos pelas declarações financeiras dos nomeados, certificadas pelo departamento de ética, e também por compromissos escritos firmados entre o nomeado e o escritório que identificam possíveis conflitos de interesse e as maneiras pelas quais o indicado irá resolver esses conflitos. Eles são exigidos pelo Ethics in Government Act de 1978, aprovado após o escândalo Watergate.

Um dos comitês que ainda não recebeu os formulários é a Comissão de Saúde, Educação, Trabalho e Pensões do Senado, que programou uma audiência na próxima semana para Betsy DeVos, a escolha de Trump para liderar o Departamento de Educação.

As regras da comissão estabelecem que a comissão não pode realizar a votação para aprovação do nomeado sem o formulário de ética. Em uma declaração, o presidente da comissão, Senador Lamar Alexander, disse que o comitê vai "seguir a Regra de Ouro e usar os mesmos procedimentos usados em 2001 para os nomeados pelos presidente Bush e em 2009 para os nomeados pelo presidente Obama".

Assessores dos comitês de Justiça e Relações Exteriores do Senado disseram que receberam os formulários de ética para o senador Jeff Sessions, a escolha de Trump para ser procurador-geral, e Rex Tillerson, a escolha de Trump para ser secretário de Estado.

Shaub não listou quais das escolhas do babinete de Trump não tinham revelado suas informações. Mas outras audiências de confirmação na próxima semana incluem Mike Pompeo, escolhido para diretor da Agência Central de Inteligência (CIA); Elaine Chao, para a Secretaria de Transportes; John Kelly, para a Secretaria de Segurança Interna; Ben Carson, para a Secretaria de Habitação; Wilbur Ross, secretário de Comércio; e o general aposentado James Mattis, para a Secretaria de Defesa.

Mais lidas