Atentado

Massacre em boate de Istambul deixa 39 mortos no Ano Novo

Priscila Miranda
Priscila Miranda
Publicado em 01/01/2017 às 9:23
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Atirador, fantasiado de Papai Noel, atirou contra a multidão na exclusiva boate Reina / Foto: AFP

Atirador, fantasiado de Papai Noel, atirou contra a multidão na exclusiva boate Reina Foto: AFP

A polícia turca procurava neste domingo o homem que matou 39 pessoas, 15 delas estrangeiras, ao abrir fogo em uma famosa boate de Istambul, onde centenas de pessoas comemoravam a chegada do Ano Novo.

O atirador, fantasiado de Papai Noel, segundo meios de comunicação turcos, atirou contra a multidão na exclusiva boate Reina, situada na margem do Bósforo.

"As operações de buscas ao terrorista ainda estão em andamento. Espero que seja capturado rapidamente", declarou o ministro do Interior, Suleyman Soylu, que falou de um "atentado terrorista".

Segundo ele, os primeiros elementos da investigação revelam que o criminoso escondeu um fuzil que utilizou no massacre sob um casaco e que depois abandonou o local com outra roupa.

Soylu também anunciou que 20 das vítimas já haviam sido identificadas. Entre elas há 15 estrangeiros e cinco turcos.

Além disso, outras 65 pessoas ficaram feridas, quatro delas em estado grave, acrescentou.

Até o momento, as autoridades turcas não informaram as nacionalidades das vítimas estrangeiras.

A Bélgica anunciou, por sua vez, que ao menos um cidadão belga estava entre os mortos, e Paris declarou que três franceses ficaram feridos.

Israel também informou que uma de suas cidadãs ficou ferida e outra permanecia desaparecida.

O atirador abriu fogo à 01h15 de domingo (20h15 de sábado, no horário de Brasília) na famosa boate, onde entre 700 e 800 pessoas festejavam a chegada do Ano Novo. Algumas delas mergulharam nas águas geladas do Bósforo para escapar das balas, segundo meios de comunicação turcos.

Em sua primeira reação ao massacre, o presidente Recep Tayyip Erdogan afirmou neste domingo que este atentado busca "destruir a moral do país e semear o caos tomando deliberadamente como alvo a paz da nação e dos civis com estes ataques de ódio".

"A Turquia está determinada a seguir lutando até o fim contra o terrorismo", acrescentou o presidente.

Selvagem e implacável

Antes de entrar e abrir fogo na boate, muito frequentada por estrangeiros, o atirador matou um policial e um civil que estavam em frente à discoteca, informou o governador da cidade, Vasip Sahin. 

"É um ataque terrorista", insistiu Sahin em uma coletiva de imprensa.

"De uma forma selvagem e implacável, metralhou as pessoas que simplesmente vieram celebrar o Ano Novo", declarou o governador.

As autoridades tinham anunciado a mobilização de 17 mil policiais em Istambul para as festividades do Ano Novo. Além disso, informaram que alguns policiais estariam fantasiados de Papai Noel para detectar qualquer anomalia entre a multidão.

"Justo no momento em que nos instalávamos perto da entrada, houve muita poeira e fumaça. Soaram tiros. Ao ouvi-los, muitas moças desmaiaram", contou à AFP o jogador de futebol Sefa Boydas. 

"Disseram 35 ou 40 mortos, mas provavelmente são mais porque, à medida que eu avançava, algumas pessoas pisoteavam as outras", continuou. 

A boate Reina, onde ocorreu o ataque, fica a algumas centenas de metros do local onde eram realizadas as festividades oficiais do Ano Novo, às margens do Bósforo. 

Vídeos publicados nas redes sociais mostraram um homem invadindo o acesso à boate e atirando, semeando o pânico entre as pessoas ali reunidas.

A Casa Branca condenou o que denominou de um ataque "horrível". "Esta atrocidade contra gente inocente que estava celebrando (...) ressalta a brutalidade dos atacantes", disse o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, Ned Price. 

'Crime cínico'

"É difícil imaginar um crime mais cínico que matar civis durante a celebração do Ano Novo. Todos temos o dever de combater com determinação as agressões terroristas", declarou o presidente russo, Vladimir Putin, em uma mensagem de pêsames a Erdogan. 

A Turquia tem sido alvo de ataques vinculados à rebelião separatista do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) ou atribuídos ao grupo extremista Estado Islâmico (EI), que atingiram em especial Istambul e Ancara.

Em 10 de dezembro, um atentado reivindicado por um grupo radical curdo deixou 45 mortos - inclusive uma maioria de policiais - no centro de Istambul. 

Também em Istambul, quatro turistas morreram e 36 pessoas ficaram feridos na famosa avenida Istiklal, em um atentado suicida reivindicado pelo grupo EI. 

As autoridades também afirmaram que os extremistas islâmicos estavam por trás de um atentado que deixou 47 motos em junho passado no aeroporto Atatürk de Istambul. 

Membro da coalizão internacional que combate o EI na Síria e no Iraque, a Turquia iniciou em agosto uma ofensiva no norte da Síria para repelir os extremistas e empurrá-los para o sul.

Rebeldes sírios apoiados pelo exército turco assediam há várias semanas a cidade de Al Bab, reduto do EI no norte da Síria.

Em resposta a estas operações militares, o EI ameaçou em várias ocasiões realizar atentados contra a Turquia.

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